
Recuperação da popularidade de Lula, após o decidido enfrentamento às ameaças e chantagens de Trump, e as divisões na direita bolsonarista levaram governador a decidir por disputar a reeleição em São Paulo, mas já avisou: será sem Kassab como vice
Tarcísio de Freitas, o preferido de setores do centrão, inclusive alguns bolsonaristas, para assumir a condição de candidato presidencial no pleito de 2026, jogou uma ducha de água fria nos seus aliados ao afirmar, de forma categórica, em coletiva à cidade de Araçatuba, no interior de São Paulo que pretende “concorrer à reeleição”.
O governador paulista, do Republicanos, também reagiu à investida de seu secretário de Governo, Gilberto Kassab, presidente do PSD, ao descartar a possibilidade do pessedista ser seu candidato a vice-governador no próximo ano, quando, mais provavelmente, buscará a reeleição.
Kassab já revelou seu plano: escalar o atual governador do Paraná, Ratinho Jr, para disputar a Presidência da República, e apoiar Tarcísio ao governo paulista para ele, em 2029, assumir o governo e tornar-se candidato à reeleição em São Paulo, apoiando o atual governador na disputa presidencial.
Parece, no entanto, que Kassab, como se diz na linguagem popular, esqueceu de combinar com os russos, e, agora, recebe a mensagem, pela imprensa, de seu descarte como candidato a vice de Tarcísio.
A aliados, o governador demonstrou incômodo com as articulações do secretário em torno de um projeto pessoal e deixou claro que não aceitará a composição. Procurado pela imprensa, o governo não se manifestou.
Foi a primeira vez também que o governador paulista explicita sua decisão de tentar a reeleição, depois de vários sinais de que poderia disputar o pleito presidencial, o que animou setores centristas mais alinhados ao bolsonarismo, como o próprio Tarcísio.
Certamente, pesou na decisão do governador a recuperação da popularidade do presidente Lula, especialmente depois que o governo resolveu enfrentar de modo altivo as ameaças e chantagens do governo Trump, dos EUA, contra a economia nacional, bem como a tentativa descabida de interferir no julgamento de Jair Bolsonaro e outros golpistas.
O discurso categórico de Lula na ONU no início da semana, quando deixou claro que “a democracia e a soberania nacional são inegociáveis” acabou por dobrar a intransigência da Casa Branca, e o próprio Trump admitiu a possibilidade de dialogar com o líder brasileiro sobre o tarifaço imposto unilateralmente, o que deve acontecer na próxima semana por telefone.
A diplomacia do Brasil e dos EUA já entabulam os preparativos para o diálogo sobre o qual o governo brasileiro admitiu desde que não seja incluída na pauta questões relacionadas à soberania da justiça.
A desastrosa e antipatriótica ação de Eduardo Bolsonaro, o “03”, que se encontra nos EUA conspirando abertamente contra o Brasil, também deve ter contribuído com a decisão de Tarcísio, afinal o filho do ex-mandatário tem sido um crítico contumaz do governador paulista, reiterando, sempre que, caso o pai não possa ser candidato, a indicação deve recair sobre um membro do clã, no caso, ele, algo que gerou descontentamento até mesmo em Michelle Bolsonaro e no outro filho, Flávio.
Além disso, estão também postas no tabuleiro da disputa presidencial as candidaturas dos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado, e de Minas Gerais, Romeu Zema, todos alinhados ao bolsonarismo, ou seja, é muito confusão e disputa para Tarcísio colocar-se como candidato ao Palácio do Planalto.