
Segundo APEOESP, proposta do governo do estudante ficar 80% do tempo nessa plataforma e 20% presencial representa mais um ataque aos direitos educativos de jovens e adultos
A proposta do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) de transformar a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no ensino médio na modalidade à distância representa mais um ataque ao direito à educação pública e aprofunda às desigualdades. A denúncia é da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), que está convocando uma assembleia com os servidores da educação para o próximo dia 21 (terça-feira), com indicativo de greve.
Também representa uma ameaça à educação pública no Estado, uma vez que pode ser estendida a outros níveis do ensino, alerta o sindicato. Na terça-feira (11), por meio da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC), o governo anunciou a abertura das inscrições, a partir de abril, para os estudantes do ensino médio/EJA, de forma virtual.
“O governo Tarcísio/Feder (RenatoFeder, secretário de Educação) anunciou projeto-piloto em 21 Diretorias de Ensino para a oferta de Educação de Jovens e Adultos de ensino médio na modalidade à distância. Trata-se de mais um ataque aos direitos educativos de jovens e adultos que não tiveram a oportunidade de estudar na idade própria e que, agora, tem negado o acesso a classes presenciais de EJA, como a APEOESP vem cobrando insistentemente da SEDUC”, diz a entidade em sua página eletrônica. A medida envolve unidades da capital e do interior.
“Ao invés do governo corrigir um erro do passado e garantir uma estrutura para que esses alunos possam ter uma educação pública de qualidade […], ele faz uma proposta de plataformas online, que já não tá dando certo no ensino presencial, que já é uma loucura absurda, agressiva, autoritária”, critica o segundo-presidente da APEOESP, Fábio de Moraes, em entrevista ao HP.
“É esse modelo que ele (Tarcísio) vai levar para o aluno da EJA. Esse estudante do EJA vai ficar 80% do tempo nessa plataforma e 20% com oportunidade presencial. Nós já mandamos nossa posição à secretaria, vamos denunciar ao Ministério Público e estamos estudando as medidas (jurídicas) cabíveis”, continua Fábio.
A decisão também vai afetar o estudante no mercado de trabalho, restringindo, sobretudo, o acesso à escola. “Isso vai causar desemprego em massa, é fato, mas tem uma coisa aí que é fundamental, que é tirar a oportunidade de o estudante ter um EJA , de condição, perto da sua casa”, aponta o sindicalista. “Nós temos uma rede física imensa, com professor formado na sua disciplina que poderia contribuir para (o estudante) procurar recuperar aquilo que não teve na idade correta”, observa.
O sindicato seguirá mobilizado para barrar a proposta. “As subsedes da APEOESP estarão junto com as comunidades, com os jovens e adultos que necessitam estudar em EJA, para que o governo reabra as classes de EJA noturno que foram fechadas e para que sejam abertas novas classes presenciais”, assegura a APEOESP. “Não vamos aceitar mais esse ataque à Educação pública no estado de São Paulo! A APEOESP ingressará com denúncia no Ministério Público Estadual”, reforça a entidade.
JOSI SOUSA