Bandeira vermelha sofrerá reajuste de 20%
Em meio à discussão da privatização da Eletrobrás no Senado Federal, quando especialistas afirmam que o desmonte do Sistema Eletrobrás levará o consumidor a pagar ainda mais caro pela energia elétrica, o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), André Pepitone, afirmou, nesta terça-feira (15), que fará um reajuste da bandeira vermelha 2, que pode ser superior a 20%.
Neste mês de junho, o consumidor já paga R$ 6,24 KWh a cada 100 KWh e com a alta o valor cobrado pode chegar a R$ 7,57 a cada 100 kWh, segundo declarou Pepitone em debate sobre a crise hídrica na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, na terça-feira (15).
De acordo com o diretor da Aneel, diante da falta de chuva, com os reservatórios vazios, será preciso acionar as usinas térmicas que custam mais caro para a produção de energia, o que deve resultar em um custo de R$ 9 bilhões até novembro deste ano. E a conta, mais uma vez, recairá sobre o consumidor.
Mas, como observou o especialista em energia Ildo Sauer, “grande parte dos meios de comunicação vende à população a versão de que nós não podemos mais depender do clima, ou diz que a população foi jogada à mercê do clima. Não foi. O clima tem comportamento mapeado e conseguimos fazer modelos de comportamento dele em escala global. Todas as previsões de mudanças climáticas são possíveis porque mapeamos o comportamento do clima, das forças naturais, da dissipação da energia e do equilíbrio termodinâmico da atmosfera do planeta a longo prazo. Temos modelos de escala global, local e regional que permitem fazer previsões mínimas e máximas do comportamento climático. Então, o erro foi ter contratado as usinas erradas, e não ter contratado, em volume suficiente, usinas eólicas, hidráulicas e fotovoltaicas para usar melhor os reservatórios”.
A MP de privatização da Eletrobrás que tramita no Congresso Nacional por iniciativa do governo Bolsonaro só vai agravar a crise.
“Nós chegamos a esse ponto de crise por causa da conjunção de interesses: contratamos as usinas erradas, operadas de maneira desesperada entre 2010 e 2015, impondo um custo elevado. Agora, querem replicar o novo modelo e, por causa do erro anterior, querem cometer mais um erro. Mas não são erros – esta é uma forma de dizer de quem faz análises –, são interesses”, afirma Ildo Sauer.