Tarifaço de Trump foi tiro no pé: Brasil exporta mais e abre mais mercados

Exportações brasileiras bateram recorde em outubro apesar do tarifaço (Foto: Diego Baravelli - MInfra - via Agência Brasil)

Vendas para os EUA caíram 37,9%, mas vendas para a China se ampliaram. As exportações do Brasil, como um todo, bateram recorde, com crescimento de 9,1%, segundo dados do MDIC

Em outubro deste ano, as exportações brasileiras para os Estados Unidos sofreram uma forte queda, de 37,9%, impactadas pelo tarifaço de Donald Trump contra o Brasil.

Apesar do déficit nas transações comerciais com os EUA, as exportações do Brasil, como um todo, bateram recorde, com crescimento de 9,1%, atingindo US$ 31,98 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), divulgados na quinta-feira (6).

Com as exportações superando as importações (US$ 25,010 bilhões, queda de 0,8% na mesma comparação), a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 6,96 bilhões, o segundo melhor resultado para meses de outubro deste ano. O avanço frente a outubro de 2024 é de 70,2%.

No acumulado do ano, as exportações totalizaram US$ 289,73 bilhões, um recorde e crescimento de 1,9% em comparação a igual período do ano anterior. As importações cresceram 7,1% e totalizaram US$ 237,34 bilhões, nesta base.

De acordo com o MDIC, no mês de outubro as exportações pela agropecuária cresceram 21,0%, totalizando US$ 6,80 bilhões; indústria Extrativa, o aumento foi de 22,0%, totalizando US$ 7,71 bilhões; e a Indústria de Transformação subiu 0,7%, totalizando US$ 17,30 bilhões.

“A expansão das exportações foi puxada, principalmente, pelo crescimento nas vendas dos seguintes produtos: milho não moído, exceto milho doce ( 7,0%), café não torrado (16,0%) e soja ( 42,7%) na agropecuária; minério de ferro e seus concentrados (29,5%), minérios de cobre e seus concentrados (198,5%) e óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus ( 9,0%) na indústria extrativa; carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (40,9%), outras máquinas e equipamentos especializados para determinadas indústrias e suas partes (487,2%) e ouro, não monetário (excluindo minérios de ouro e seus concentrados) (71,7%) na indústria de transformação”, afirma o MDIC, em nota.

A pasta destaca que as importações do Brasil oriundas dos EUA cresceram 9,6%, totalizando US$ 3,98 bilhões, enquanto as exportações brasileiras aos ianques decresceu -37,9%, totalizando US$ 2,22 bilhões.

Nas exportações com um todo, entre os produtos que registraram diminuição nas vendas, destaca-se: animais vivos, não incluído pescados ou crustáceos (-25,1%), centeio, aveia e outros cereais, não moídos (-77,6%) e algodão em bruto ( -5,2%) na agropecuária; fertilizantes brutos (exceto adubos) (-41,6%), pedra, areia e cascalho (-7,4%) e minérios de metais preciosos e seus concentrados (-77,7%) na indústria extrativa; sucos de frutas ou de vegetais (-33,5%), farelos de soja e outros alimentos para animais (excluídos cereais não moídos), farinhas de carnes e outros animais (-19,2%) e óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) (-21,3%) na indústria de transformação.

No acumulado do ano, as exportações da agropecuária subiram 3,6%, totalizando US$ 66,34 bilhões, e as importações cresceram 8,1%, totalizando US$ 5,14 bilhões. Já para a Indústria Extrativa, as exportações diminuíram -2,9%, totalizando US$ 66,42 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 11,01 bilhões, caindo -23,0%. 

Por sua vez, as exportações pela indústria de transformação tiveram um crescimento de 3,2%, totalizando US$ 155,36 bilhões. Um resultado que não superam as importações do setor que totalizaram US$ 219,72 bilhões, crescimento de 9,3%. 

BRASIL ACHA NOVOS PARCEIROS E AMPLIA VENDAS À CHINA

Os dados do balanço comercial de outubro mostram que o tarifaço de Trump levou o Brasil a abrir novos mercados. No mês, as exportações brasileiras para China aumentaram 33,4%, totalizando US$ 9,21 bilhões; à Argentina aumentaram 5,8%, totalizando US$ 1,64 bilhões; e para União Europeia cresceram 4,5%, totalizando US$ 4,62 bilhões. 

No acumulado de janeiro a outubro de 2025, houve aumento e quedas das exportações, principalmente, para os seguintes países:  

 Argentina: cresceu 41,4%, totalizando US$ 15,85 bilhões

 EUA: diminuiu -4,5%, totalizando US$ 31,46 bilhões

 China: cresceu 1,7%, totalizando US$ 84,73 bilhões

 União Europeia: aumentou 2,1%, totalizando US$ 41,38 bilhões

Ao avaliar a balança comercial de outubro, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, afirma que o resultado foi melhor do que o esperado e que o Brasil conseguiu ampliar as vendas à China num momento que passa por dificuldades nas exportações ao EUA, causadas pelo governo Trump.    

“Muitas empresas conseguiram contornar a dificuldade de exportar para os Estados Unidos e abriram novos mercados. O caso típico é o da carne”, citou. “No início do ano, durante o tarifaço, todos tinham a expectativa de que ele provocaria uma perda de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões nas exportações brasileiras”.

Na Ásia as vendas brasileiras tiveram alta de 21,2%, liderada pela China, Índia (+55,5%), Cingapura (+29,2%) e Filipinas (+22,4%).    

Castro projeta que “as exportações vão terminar o ano com um pequeno crescimento. Todo aquele cenário de queda forte previsto por diferentes analistas não vai se concretizar. Nesse momento, o cenário está bom”, comemorou o empresário.

Por outro lado, o presidente da Câmara Americana de Comércio (Amcham), Abrão Neto, afirma que “a forte contração nas exportações brasileiras para o mercado americano em outubro reforça a urgência de uma solução para normalizar o comércio bilateral. É essencial que o valioso impulso político gerado pelo recente encontro entre os presidentes Lula e Trump seja aproveitado para alavancar avanços concretos nas negociações entre os dois países”, comentou.

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