Apesar das companhias aéreas defenderem que a nova cobrança nas bagagens traria uma redução no preço das passagens, não foi o que realmente aconteceu.
Das dez rotas mais movimentadas do país, seis tiveram um aumento expressivo e quatro se mantiveram bem próximas à inflação. A ida e volta entre Guarulhos e Curitiba foi a rota que teve o maior aumento, de 31,2%.
O fim da gratuidade na bagagem entrou em vigor em 14 de março de 2017, após reações negativas dos consumidores e decisões contrárias da Justiça. Desde setembro do ano passado, as quatro maiores empresas: Avianca, Azul, Gol e Latam, praticam a política de cobrar a mais pelas bagagens.
Na época, as empresas prometeram aos consumidores que o fim da gratuidade nas bagagens traria benefícios, como reduções no preço das passagens, porém, os valores aumentaram.
Em setembro do ano passado, a Abear (Associação Brasileira de Empresas Aéreas) declarou que após as mudanças na regra de despacho de bagagens, houve uma queda de 7% a 30% no valor da passagem aérea. No entanto, pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicaram um aumento no valor das passagens, entre junho e setembro, de respectivamente 35,9% e 16,9%.
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) diz em nota que a avaliação do impacto da nova política é “prematura e pode induzir a conclusões precipitadas”. Alega ser preciso analisar uma série mais longa, mas que os benefícios aparecerão, ainda que seja para o bolso das empresas aéreas.
A cobrança de bagagens tampouco melhorou o serviço do despacho das mesmas. Segundo o levantamento do site Reclame Aqui, entre janeiro de 2016 e dezembro de 2017, foram mais de 6,3 mil reclamações relacionadas ao despacho de bagagens. Desse total, 37% foram feitas no segundo semestre de 2017, quando a norma já estava valendo.
De acordo com o site, em 2016, os maiores problemas ligados ao despacho de bagagens eram extravio, danos à mala e furto de itens. Mas, em 2017, a cobrança pelo serviço começou a aparecer no monitoramento.
O site especializado em avaliação de prestadores de serviços detalha que as principais reclamações relacionadas à cobrança pelo despacho de bagagem envolveram falta de informação, propaganda enganosa e valor cobrado. “Em muitos casos, passageiros são forçados a despachar bagagens de mão por não ter mais espaço para acomodar as malas dentro da cabine”, afirma o portal.