Os preços administrados (aqueles determinados por órgão públicos ou contratos) aumentaram 6,64%, de janeiro a agosto deste ano, enquanto a inflação do período, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 2,85%. Ou seja, uma variação mais do que o dobro da média da inflação dos mais de quatrocentos preços considerados no cálculo do índice.
Energia elétrica, água e esgoto, gás de botijão e encanado, planos se saúde, produtos farmacêuticos, gasolina, diesel, ônibus, etc. Atualmente, são 23 os bens e serviços da cesta do IPCA que são classificados como “preços administrados”, conforme o Banco Central, e que impactam diretamente no orçamento das famílias. Segundo reportagem do Estadão, essas tarifas já correspondem a 25% da renda.
No ano passado, esses preços subiram 8%, sendo que de janeiro e agosto a variação foi de mais 5,08%. Estimativas indicam que os “preços administrados” repetirão a alta de 8% neste ano.
Itens, cuja redução significativa do consumo, na maioria dos casos, é difícil, visto serem imprescindíveis, e com frequência determinam o corte de outros itens, até mesmo alimentação.
A maioria desses setores, regulados por órgãos do governo, foram transformados nos últimos anos em verdadeiras arapucas a serviços da privatização.
Nem todos os preços administrados são captados por índices de preços. Os preços de cartório, por exemplo. Os preços dos produtos derivados de petróleo também são incluídos no grupo de preços administrados, mas atualmente são determinados exclusivamente pela diretoria da Petrobrás.
Há uma lógica inerente a essa realidade de aumentos dos “preços administrados” que estamos vivendo no Brasil. Eles estão sendo alinhados, ou foram, ao nível de permitir superlucros para os monopólios, que açambarcaram ou estão à espreita para tomar de assalto as estatais ou serviços públicos, nessas condições e em nenhuma outra.
A abordagem é clássica: pirataria e pilhagem. Eufemisticamente ditas como privatizações ou assemelhadas: Concessões, PPPs – parceiras público privadas, as O.S.s –“Organizações Sociais” e por aí vai, a criatividade para o roubo não é pequena.
Uma variante importante, no caso da Petrobrás, é, na impossibilidade de privatizá-la, submeter a empresa a políticas para beneficiar os pessimamente denominados investidores.