Após uma queda observada na semana passada, a taxa de contágio pelo novo coronavírus no Brasil voltou a subir nesta semana, segundo o Imperial College London do Reino Unido. No último domingo, a taxa de transmissão (Rt) voltou a ser de 1 ponto – número que indica que um indivíduo infectado é capaz de infectar outra pessoa, o que pode mostrar que o país não conseguiu manter o número positivo da última semana, que estava abaixo de 1 pela primeira vez desde abril.
O cálculo feito pela universidade leva em conta o número de mortes de um país. Segundo o Imperial College, do dia 24 para o dia 25 foram confirmados novos 17 mil casos e 565 mortes no Brasil. A estimativa para essa semana é que a doença fará 7.220 novas vítimas.
Segundo o último balanço do Conselho dos Secretários de Saúde (Conass) o total de infectados por aqui é de 3.717.156 e 117.665 pessoas morreram. No relatório, a universidade afirma que o número de mortes no Brasil estava mudando e que “os resultados devem ser interpretados com cautela”.
O país é o segundo mais afetado pela doença no mundo, atrás somente dos Estados Unidos, que tem 5.780.141 casos confirmados e cerca de 4,1% da população infectada.
Uma das evidências que mostram o aumento são os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Amazonas, onde voltaram a apresentar tendência de subida nas mortes, embora número de casos siga em retração. Cientistas temem pela chegada de uma segunda onda, já que o isolamento social já foi praticamente abandonado pelo poder público.
Outro fato que inspira máximo cuidado é a subnotificação. O país é um dos que menos testa no mundo. Apenas 6% da população já passou por algum exame do tipo. A subnotificação de casos de Covid-19 no Brasil é ainda mais intensa em cidades distantes dos grandes centros urbanos, que possuem menos capacidade de medicina diagnóstica. O fato se agrava, já que a covid-19 passa por um processo de contágio mais intenso no interior do país.
Números do Rio de Janeiro voltam a subir
Com 15.560 óbitos confirmados desde o começo da pandemia, o Estado do Rio está no mesmo patamar de países que foram duramente impactados pela Covid-19. A alta recente de casos no Rio, em parte atribuída a registro tardio por nova metodologia implementada, mais abrangente, evidenciou como o estado é um dos piores lugares para a Covid.
Se fosse um país, o estado ficaria em segundo lugar no número de mortes por milhão de habitantes, atrás apenas da minúscula San Marino, que só teve 42 mortes. Em números absolutos, ocuparia a 13ª posição no ranking global de mortes pelo novo coronavírus, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
Compara-se a regiões onde a pandemia foi mais trágica, como a Lombardia, na Itália, e Nova Jersey, nos Estados Unidos. O estado ficaria à frente, por exemplo, da África do Sul e do Chile, onde há menos casos. No topo dessa lista, estão os Estados Unidos e o Brasil. Em toda a América Latina, apenas México, Peru e Colômbia registraram mais óbitos do que o Rio.
Já em número de casos, o estado ocuparia o 21º lugar no ranking mundial. Aqui já foi confirmada a infecção de 214.003 pessoas, de acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria estadual de Saúde. Os números colocam o Rio de Janeiro à frente de países como Iraque, Filipinas, Indonésia e Canadá.
Num levantamento feito pelo grupo de estudos Covid-19 Analytics, formado por professores da PUC-Rio e da Fundação Getulio Vargas (FGV), que leva em conta o número de óbitos por milhão de habitantes, o Rio ocupa o segundo lugar num ranking apenas de países. Em primeiro lugar, está San Marino.
“A gente levou em conta o dia epidemiológico de cada país para conseguir comparar no exato momento da pandemia”, explica Marcelo Medeiros, professor de economia da PUC e coordenador da equipe.