São 8,3 milhões de desempregados no país e 39 milhões de trabalhadores na informalidade, segundo o IBGE
A taxa de desemprego no Brasil recuou -0,4% no trimestre finalizado em setembro deste ano, ficando em 7,7%. Este é o patamar mais baixo registrado desde o trimestre terminado em setembro de 2015. No entanto, ao todo, no país são 8,3 milhões em busca de uma vaga de emprego sem encontrar. Os números do mercado de trabalho foram divulgados pelo IBGE, nesta terça-feira (31).
De acordo com a pesquisa Pnad Contínua do IBGE, o número de pessoas ocupadas no país chegou a 99,8 milhões, sendo o maior patamar desde o início da série histórica da pesquisa, que foi iniciada em 2012.
Na comparação com o trimestre anterior, o número de ocupados cresceu 0,9%, o que corresponde a 929 mil pessoas a mais no mercado de trabalho. Assim, o nível da ocupação foi estimado em 57,1% – um crescimento de 0,4 p.p. na mesma base de comparação.
Frente ao ano passado, a taxa de desemprego recuou 12,1% (menos 1,1 milhão de pessoas). A coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) do IBGE, Adriana Beringuy, explica que a queda na taxa de desemprego no terceiro trimestre ante ao segundo trimestre se deve ao avanço no número de pessoas trabalhando e pela queda no volume de pessoas buscando trabalho no período analisado.
Apesar da política contracionista econômica do Banco Central, que se faz pela manutenção da taxa de juros da economia (Selic) em níveis elevados, o mercado de trabalho brasileiro segue resistindo, ganhando no terceiro trimestre um certo grau de fôlego por meio do setor de serviços.
TRABALHO COM CARTEIRA ASSINADA
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado chegou a 37,4 milhões no terceiro trimestre deste ano, sendo uma alta de 1,6% (mais 587 mil) no trimestre e de 3,0% (mais 1,1 milhão) no ano. Esse é o maior nível atingido desde janeiro de 2015, quando foram registrados 37,5 milhões no trabalho formal. A amostragem exclui os trabalhadores domésticos.
“Essa foi a única categoria investigada pela pesquisa que apresentou crescimento significativo. As demais permaneceram estáveis frente ao trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento dessa categoria foi de 1,1 milhão de pessoas (3,0%)”, destacou o IBGE em nota.
Em relação aos setores econômicos, a única modalidade de trabalho que registrou aumento significativo no seu número de ocupados foi o de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (3,5%, ou mais 420 mil pessoas). Nove atividades ficaram estáveis na comparação com o trimestre móvel encerrado em junho.
“De modo geral, as atividades econômicas não tiveram redução de trabalhadores, não houve processo de dispensa”, afirmou Beringuy. “No setor de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, os destaques foram os segmentos de serviços financeiros e de locação de mão de obra. Embora essa atividade tenha se destacado no pós-pandemia por causa dos serviços de tecnologia da informação, agora tem registrado expansões seguidas não só relacionadas a esse segmento, mas também aos serviços de locação de mão de obra, administrativos, jurídicos e financeiros. Além disso, boa parte do crescimento do trabalho com carteira assinada no trimestre veio por meio dessa atividade”, explicou Beringuy.
TRABALHO INFORMAL
Por outro lado, o contingente de pessoas no trabalho informal continua nas alturas. O número de trabalhadores por conta própria ficou em 25,5 milhões de pessoas no período. Por sua vez, o contingente de trabalhadores no setor privado sem carteira de trabalho assinada ficou em 3,3 milhões de pessoas. Em números absolutos, são mais de 39 milhões de brasileiros descalços de direitos trabalhistas, vivendo dos chamados “bicos”, com jornada de trabalho excessiva e renda miserável.
SUBUTILIZAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO
Já a taxa de subutilização da força de trabalho fechou em 17,6% da população ocupada. O resultado corresponde a uma queda de 2,5 pontos percentuais ante o mesmo trimestre de 2022 (20,1%) e também a menor taxa desde o trimestre encerrado em dezembro de 2015 (17,4%).
Ao todo, a população subutilizada foi estimada em 20 milhões: soma de desempregados, das pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas (5,3 milhões), desalentados (3,5 milhões) – pessoas que desistiram de procurar emprego por não acreditar que há oportunidade ou por outros motivos-, entre outras categorias.
RENDA FICOU ESTIMADA EM R$ 2.982
O rendimento médio real no terceiro trimestre ficou estimada em R$ 2.982, uma alta de 1,7% em relação ao trimestre encerrado em junho e de 4,2% frente ao mesmo período do ano passado.
“Quanto ao rendimento médio real habitual (R$ 2.982)”, destaca o IBGE, “frente ao trimestre móvel anterior, houve aumento nos seguintes grupamentos: Indústria (5,3%, ou mais R$ 149) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (1,7%, ou mais R$ 71). Os demais grupamentos não apresentaram variação significativa”.
Já a massa de rendimento chegou novamente ao maior patamar da série da pesquisa, a ser estimada em R$ 293 bilhões. Frente aos três meses anteriores, o aumento foi de 2,7%.