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São 7,2 milhões de pessoas procurando por emprego no Brasil
A taxa de desemprego no Brasil subiu de 6,2% para 6,5%, com ingresso de mais de 364 mil pessoas buscando por vagas de emprego no país, entre o trimestre concluído em outubro de 2024 e o trimestre encerrado em janeiro deste ano, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao divulgar números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, nesta quinta-feira (27).
Para fins estatísticos, esse é o menor nível de desemprego para um trimestre finalizado em janeiro, desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. No entanto, ao todo, existem 7,2 milhões de pessoas que estão sem emprego no Brasil, o que corresponde a um acréscimo de 5,3% na comparação com o trimestre anterior.
Os números da PNAD refletem, por um lado, as típicas dispensas de trabalhadores temporários contratados no período natalino e de desligamentos na administração pública, por exemplo. Mas, por outro, também transmite o impacto da retomada do ciclo de aumento dos juros pelo Banco Central (BC) sobre o mercado de trabalho em meados do ano passado.
Segundo a PNAD, a população ocupada (pessoas exercendo algum tipo de atividade de trabalho) foi estimada em 103 milhões de pessoas no trimestre findo em janeiro, sendo um recuo de 0,6% na comparação com o trimestre até outubro (menos 641 mil). O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) caiu 0,5 ponto percentual (p.p), de 58,2% para 58,7%, nas mesmas bases comparativas.
Em dezembro de 2024, no Brasil foram eliminados mais de 546.624 mil postos de trabalho com carteira assinada, segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego – com metodologias diferentes da PNAD, que inclui emprego formal e informal. O contingente de pessoas desligadas de seus empregos em dezembro surpreendeu tanto o governo como o mercado financeiro, que projetavam números menores para o período.
Novos dados do Caged divulgados ontem (26) mostraram que em janeiro deste ano o Brasil criou 137.303 vagas formais de emprego com carteira assinada, um resultado que não reverte a perda de postos formais em dezembro de 2024 e que também é 20,7% menor do que foi gerado de empregos celetistas em janeiro de 2024 (+173.233).
Entre setembro de 2024 e janeiro deste ano, o Banco Central (BC) elevou a taxa de juros Selic de 10,50% para 13,25% ao ano, uma decisão que reflete a insistência da autarquia financeira em apostar no aperto monetário como solução de combate à inflação – que vem ganhando força no Brasil por fatores que o BC não tem controle e nem pode interferir, como reajustes de preços administrados (energia elétrica, água e esgoto) e de preços de alimentos e de transportes – cujos preços são voláteis e atrelados às decisões de bolsas de valores estrangeiras.
Mas alheio aos impactos negativos que os juros altos impõem sobre o crescimento econômico, a geração de empregos e endividamento das famílias, e em meio a carestia dos alimentos, o Banco Central promete ao mercado financeiro mais um aumento de 1 p.p no nível da Selic na reunião de março, levando a taxa básica para 14,25%.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, em coletiva do dia de ontem, não hesitou em apontar o culpado pela desaceleração da geração de empregos no país: o resultado de janeiro “foi menor do que o do ano passado, e o número é menor, inclusive, ao que correspondeu às demissões de dezembro, acredito que pelo impacto do aumento de juros”, disse.
“Aumento de juros inibe investimentos e estrangula o orçamento da União, estados e municípios. O mercado pede mais aumento de juros. Se o Banco Central entrar nessa do mercado, vai inibir o investimento, inibir o crescimento da economia. Isso é uma imbecilidade”, criticou Marinho.
39,5 MILHÕES NO TRABALHO PRECÁRIO
A subutilização da força de trabalho (pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas, desalentados etc.) afligiu 18,1 milhões de pessoas no país no trimestre móvel de novembro a janeiro deste ano. São 200 mil pessoas a mais que o trimestre móvel anterior.
Já a taxa de informalidade ficou em 38,3% da população ocupada (ou 39,5 milhões de trabalhadores), no trimestre encerrado em janeiro deste ano. O contingente de trabalhadores por conta própria no país foi estimado em 25,8 milhões de pessoas, e o de empregados sem carteira foi em 13,9 milhões – um crescimento de 3,2% (mais 436 mil pessoas) no ano.
Com os custos crescentes das despesas do dia-dia tirando o sono dos trabalhadores, o rendimento real habitual de todos os trabalhos ficou em R$ 3.343, sendo uma variação de alta de apenas 1,4% no trimestre e 3,7% no ano.
Por sua vez, a massa de rendimento real habitual (R$ 339,5 bilhões) ficou estável no trimestre e aumentou 6,2% (mais R$ 19,9 bilhões) no ano.