“O país não merece isso”, afirmou o presidente. Ele destacou o papel do BNDES na crise de 2008 e disse que enquanto o mundo naquela ocasião, teve 100 milhões de desempregados, o Brasil criou 20 milhões de empregos com carteira assinada
“O mercado financeiro tomou conta do país no lugar da indústria”, apontou o presidente, em ato nesta quinta-feira (25) na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), em comemoração ao Dia da Indústria.
O BNDES E A CRISE DE 2008
“Não se pode criticar os juros porque logo dizem que o governo federal está se metendo na política monetária. Mas o que eu quero dizer é que é uma excrescência para este país as taxas de juros de 13,75%”, denunciou Lula. “O país não merece isso”, destacou o presidente.
“Vocês estão lembrados, na crise de 2008, o papel que o BNDES assumiu na recuperação da economia deste país”, afirmou Lula. “Naquele período em que o mundo desenvolvido gerava 100 milhões de desempregados, esse país gerou 20 milhões de empregos com carteira profissional assinada”, prosseguiu.
“Foi enorme a quantidade de bilhões que o BNDES jogou na indústria. E fizemos isso, porque a gente sabia que era preciso salvar esse país”.
COM ESSES JUROS, NÃO SE FAZ EMPRÉSTIMO, COMPRA-SE O ATESTADO DE ÓBITO
“E a gente sabia”, prosseguiu Lula, “que um banco público do tamanho do BNDES, como o Banco do Brasil, como a Caixa Econômica, têm que colocar dinheiro no mercado para o dinheiro girar”. “Como é que nós vamos fazer sobreviver o pequeno e médio empresário, se não tiver crédito? Como é que o empresário pode chegar no BNDES e pagar 18% de juros, para fazer o que? Ele está, na verdade, comprando o atestado de óbito. Ele não esta fazendo um empréstimo”, denunciou o presidente.
Assista o encerramento da solenidade na Fiesp e a fala de Lula
NÃO VAMOS CEDER AS COMPRAS GOVERNAMENTAIS
Dirigindo-se aos empresários, Lula disse: “E vocês tratem de ficar atentos, nós estamos próximo de começar a conversar com a União Europeia. E o que eles querem de nós é que nós cedamos as compras governamentais e nós não vamos ceder as comprar governamentais”.
“Porque, se fizermos isso, nós vamos matar a possibilidade do crescimento da pequena e média empresa brasileira”, garantiu o mandatário. “As compras governamentais são um instrumento de política industrial que a gente não vai abrir mão”, destacou.
“A gente vai demorar um pouco mais para fazer o acordo, tudo bem”, afirmou Lula. “Da mesma forma que França defende de forma ardente e muito fervorosa os seus produtos agrícolas, o seu vinho, nós vamos defender as nossas pequenas indústrias nesta negociação. Nós não podemos e não vamos errar. Vamos fazer tudo para recuperar a economia nacional. O povo pobre, que muitas vezes é desprezado, é na verdade um grande ativo desse país”, completou.