“Amanhã qualquer um de nós pode estar no lugar dele”, disse Bolsonaro, em socorro ao assassino. Crime foi para assumir o mandato da deputada, eleita em 1998. O assassino foi condenado a 103 anos e só teve apoio da tribuna de um deputado: Jair Messias Bolsonaro (vídeo)
Num determinado momento do debate dos presidenciáveis na Band, no último domingo (28), a senadora Simone Tebet (MDB) afirmou que Jair Bolsonaro apoiou o assassinato de uma deputada. Como ela não deu detalhes do que estava falando, abriu espaço para que o denunciado desconversasse sobre o assunto, confundindo o eleitor com outros casos que ele fazia apologia do estupro.
BOLSONARO: “QUALQUER UM DE NÓS PODE ESTAR NO LUGAR DELE”
Mas o discurso de Bolsonaro em defesa do assassino já havia vindo à público uma semana antes, num vídeo divulgado pelo deputado André Janones (Avante-MG). Assista abaixo!
Do que estava falando a senadora? A qual assassinato ela estava se referindo? Bolsonaro discursou dando apoio a um assassino de uma deputada? Foi isso que a senadora falou? Sim. Foi exatamente isso o que aconteceu.
A médica e deputada federal de Alagoas Ceci Cunha acabara de ser eleita para a Câmara Federal quando sua família e ela foram chacinados pelo candidato que tinha ficado como primeiro suplente na disputa em Alagoas e Bolsonaro apoiou o assassino.
A deputada foi assassinada em dezembro de 1998 poucas horas depois de diplomada no cargo. Ela visitava a irmã, Claudinete dos Santos Maranhão, que havia acabado de ganhar um bebê. Três pistoleiros invadiram a casa e dispararam os tiros que mataram Ceci e seu marido, Juvenal Cunha; o cunhado, Iran Carlos Maranhão; e a mãe do cunhado, Ítala Maranhão. Apenas a irmã de Ceci e o bebê sobreviveram à chacina.
Na sessão da Câmara dos Deputados que cassou o mandato do assassino, a votação foi 425 pela cassação e 29 contra, mas apenas um deputado foi à tribuna discursar enfaticamente em defesa do assassino. Este deputado foi Jair Messias Bolsonaro. “Amanhã qualquer um de nós pode estar no lugar dele”, disse ele ao votar contra a cassação.
FAMÍLIA FOI CHACINADA
De acordo com a sentença, Talvane – primeiro suplente – teria assassinado Ceci para assumir o mandato federal. Havia um plano para eliminar um dos deputados: Augusto Farias, Albérico Cordeiro ou Ceci Cunha, que era a terceira na lista de ordem de preferência. Ele escolheu a mulher. Talvez isso tenha influenciado o apoio de Bolsonaro já que ele não gosta de mulheres.
O assassinato da deputada ocorreu por motivo diverso dos outros crimes: ela foi morta com o intuito de que o mandante assumisse o seu lugar no mandato de deputado federal. Já os demais crimes foram cometidos com a finalidade de que não restassem testemunhas, visando garantir a impunidade e a vantagem do primeiro crime (homicídio de Ceci Cunha).
Depois da confissão do assassino de que tinha sido contratado por Pedro Talvane Albuquerque Neto, ele foi condenado em 2012 pelo Tribunal do Júri da Justiça Federal de Alagoas a 103 anos e quatro meses de prisão em regime fechado como mandante do crime. Ele chegou a assumir o mandato no lugar da deputada.
Outros quatro assessores de Talvane Albuquerque também foram condenados: Jadielson Barbosa da Silva (105 anos de reclusão), pelas circunstâncias do crime; Alécio César Alves Vasco (87 anos e 3 meses de prisão); José Alexandre dos Santos (105 anos); Mendonça Medeiros Silva (75 anos e 7 meses).
ASSASSINO QUERIA ASSUMIR MANDATO
A deputada Ceci Cunha, seu marido, Juvenal Cunha da Silva; o cunhado Iran Carlos Maranhão Pureza; e a mãe de Iran, Ítala Neyde Maranhão foram assassinados a tiros no dia 16 de novembro de 1998. No momento do crime, as vítimas preparavam uma comemoração na casa de Iran, no bairro Gruta de Lourdes, em Maceió.
Esta afirmação de Simone Tebet não poderia passar em branco pois mostra claramente quem é Bolsonaro. Até porque não foi a primeira vez que ele defendeu assassinos na tribuna da Câmara.
APOIO A MILICIANOS
Em 27 de outubro de 2005 ele subiu ao plenário para discursar em apoio ao assassino de aluguel e miliciano, Adriano Nóbrega, chefe de milícia de Rio das Pedras, região de onde veio Fabrício Queiroz, o faz tudo da família. Adriano tinha sua mãe e ex-mulher nomeadas como funcionárias fantasmas no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio.
Adriano chefiava também o “escritório do crime”, uma central de assassinatos de aluguel das milícias que tinha também como participante, Ronnie Lessa, vizinho de Jair Bolsonaro na Barra da Tijuca e que esteve envolvido no assassinato da vereadora Merielle Franco e de seu motorista. Adriano Nóbrega acabou sendo morto numa operação da polícia no interior da Bahia. Ele era um ex-PM e exímio atirador.