Em resposta a declaração do secretário de Estado, Mike Pompeo, de que a economia do Irã estaria “a caminho da ruína”, a chancelaria iraniana acusou Washington de usar as sanções para promover “terrorismo econômico” contra o país.
Pompeo havia atribuído a queda prevista de 3,6% no PIB iraniano em 2019 ao apoio de Teerã ao governo sírio, quando são os EUA que tentam destruir a economia iraniana proibindo que exporte petróleo a partir de 4 de novembro, o principal produto do país.
“As autoridades americanas estão tentando encontrar um pretexto para encobrir seus crimes contra as pessoas na região e no Irã, usando o terrorismo econômico e as sanções opressivas e ilegais como ferramenta”, disse o porta-voz Bahram Qasemi em uma coletiva de imprensa.
A previsão foi do FMI, em função da pressão dos EUA para, contra todas as leis internacionais, “zerar a exportação de petróleo pelo Irã” e ameaçando não só Teerã mas quem realizar negócios com o país persa. A frase de Pompeo foi: “é o que acontece quando o regime governista rouba seu povo e investe em Assad”.
Ou seja, os EUA tentam impedir que o Irã venda seu principal produto, tentam excluí-lo da rede internacional de pagamentos, para fazer os iranianos passarem fome na intenção de que isso abra caminho para impor um governo fantoche, e é o governo do Irã que “rouba seu povo” porque apoiou a luta do povo sírio contra a agressão financiada e armada por Washington.
Qasemi denunciou a “guerra psicologia” do regime Trump contra o Irã, “fazendo ouvidos surdos às reações internacionais, bem como críticas às sanções desumanas e de confronto dos EUA contra países e instituições de direitos humanos”.
Trump se retirou unilateralmente do acordo nuclear com o Irã, supervisionado pela Agência Internacional de Energia Atômica, que atesta seu estrito cumprimento, à revelia dos demais signatários membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais Alemanha, com Teerã em 2015.
O porta-voz iraniano chamou essa política de “erro estratégico” baseado nos “sonhos vazios” de países “isolados e notórios” e grupos terroristas. França, Alemanha, Inglaterra, União Europeia, Rússia e China anunciaram a criação de mecanismos para manter o intercâmbio comercial com o Irã, enquanto Teerã continuar cumprindo o acordo, e para proteger suas próprias empresas das sanções extraterritoriais dos EUA.
Ao rasgar em maio a assinatura de seu antecessor, Obama, no acordo, Trump prometeu restaurar e escalar as sanções. A saída de Washington do tratado deixou os outros signatários, inclusive a Rússia, a China e várias potências europeias lutando para tentar salvá-lo, através de mecanismos para contornar as sanções americanas, que também ameaçam empresas estrangeiras que fazem negócios com Teerã e manter vivas as exportações de petróleo do Irã.