“Em meu governo a Embraer não será vendida”, assegurou, na quinta-feira, o presidente Michel Temer em reunião com os ministros da Defesa e Aeronáutica depois que o Wall Street Journal publicou que a Embraer poderia se comprada pela Boeing.
O governo diz que foi “pego de surpresa” pela situação.
Se é assim, talvez tenha sido mera coincidência a consulta encaminhada ao Tribunal de Contas da União no dia 19 de julho pelo Ministério da Fazenda sobre a possibilidade do governo abrir mão das ações de classe especial (golden share)da Embraer, Vale e IRB-Brasil Resseguros. Sem essas ações, o governo perde o poder de veto sobre decisões dessas empresas. No caso da Embraer, a golden share dá poder de veto em questões como venda, programas militares e acesso à tecnologia.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, cidade onde está situada a sede da companhia e a maior parte de suas linhas de produção, não crê nessa coincidência. O fato deles já estarem discutindo formas de convencimento do governo, como revela a reportagem do jornal, “mostra que as negociações vêm de longo tempo, e longe dos olhos da população”, diz a nota do Sindicato.
“A Embraer emprega hoje cerca de 16 mil trabalhadores no Brasil e já vinha adotando uma política de profunda desnacionalização da produção. A venda para a Boeing vai comprometer esses postos de trabalho e a própria permanência da fábrica no país”, adverte a entidade.
“Única fabricante brasileira de aviões e terceira maior do setor no mundo, a Embraer é estratégica para o país e não pode ser vendida para capital estrangeiro. Exigimos que o governo federal vete a venda e, enfim, reestatize a Embraer como forma de preservar e retomar este patrimônio nacional”, diz o Sindicato, que é filiado à CSP-Conlutas.
As bancadas do PT na Câmara e no Senado protestaram contra a “agressão à soberania nacional”, mas só da boca para fora. Nos 13 anos e oito meses em que estiveram no poder nada fizeram para elevar o nível de controle nacional sobre a Embraer.
Uê! Não acertaram a propina ou, querem aumentá-lá.
Em resumo: o petróleo é dos árabes; a Petrobrás é da CUT e a Embraer é da Boeing…