Campanha enganosa na TV custou 27 milhões
Deputados que apoiam reforma da previdência são a cara do pilantra: Trabalham pouco, ganham muito, se aposentam cedo e roubam mais
A marketagem do governo – e as idênticas idiotices proferidas por Temer, Meirelles e porta-vozes do parasitismo financeiro – sobre o ataque à Previdência, apresentado como “corte de privilégios”, é de um cinismo atroz, nauseante e vomitante.
Quem são os privilegiados de que fala Temer e essa nojenta marketagem?
Ninguém foi capaz de apontá-los, em um país onde, no Regime Geral da Previdência Social (RGPS), dois terços dos trabalhadores se aposentam com um salário mínimo e a média das aposentadorias do outro terço é de apenas dois salários mínimos.
Um patife mais ousado – não necessariamente mais sem vergonha – disse que os “privilegiados” são os que, no serviço público, auferem altas aposentadorias.
Os funcionários públicos não fazem parte do Regime Geral da Previdência Social (RGPS). Então, por que querem atacar sobretudo o RGPS, se o problema não está nele?
Mas, sim, eles também querem achacar o regime próprio dos funcionários públicos, até porque, se dependesse deles, o Brasil não teria Estado, exceto para extrair dinheiro de todo mundo e passá-lo aos monopólios financeiros e outros pistoleiros daqui e de Wall Street.
Então, vejamos essa questão dos “privilegiados” com altas aposentadorias no serviço público.
Quantos são? Quem são eles?
É impressionante como esses corifeus de um suposto “corte de privilégios” não conseguem responder à primeira questão. Acontece que eles não estão falando de privilégios reais – ainda que possa, ali ou aqui, existir algum. Os privilégios que eles estão a favor de cortar são, inteiramente, ficcionais. Eles não estão preocupados com privilégios reais – até porque estes são o que mais querem para si.
Veremos que é assim, ao responder à segunda questão. Quem são os “privilegiados”?
O caso mais notório, hoje em dia, é de um sujeito chamado Michel Temer, que recebe R$ 45 mil dos cofres do Estado de São Paulo, depois de aposentar-se, em 1996, aos 55 anos de idade, como promotor.
Existe algum dispositivo, na “reforma” de Temer, para reduzir a sua aposentadoria ou a de alguns dos poucos – muito poucos – equivalentes no serviço público federal?
Obviamente, não.
Porque o objetivo desses achacadores não é “cortar privilégio” algum, mas entregar o dinheiro que hoje está na Previdência Social para os tubarões e piranhas do setor financeiro – em troca, certamente, de uma obesa comissão, isto é, propina. Ou “graxa”, como se dizia durante a operosa gestão Eliseu Padilha no Ministério dos Transportes.
Temer & quadrilha jamais fizeram outra coisa na vida – se é que se pode chamar assim a essa existência no esgoto – do que ir à cata, bajular, trapacear e roubar para conseguir privilégios. Nem o Código Penal lhes serviu de contenção.
Aliás, vendo as coisas pelo outro lado, hoje, a única barreira que impede Temer e asseclas de serem recolhidos à cadeia é, precisamente, o famigerado foro privilegiado.
A mal chamada “reforma da Previdência” significa, exatamente, estabelecer um privilégio – ou aumentar os privilégios – de quem não trabalha sobre quem trabalha. São os que trabalham que devem ser saqueados para que aumente a parcela, na renda do país e no produto interno, daqueles que não trabalham (e não por falta de emprego, mas por parasitismo).
Além disso, o que é um ladrão do dinheiro e da propriedade pública, como Temer, senão um sujeito que quer ter o privilégio de roubar a todos os outros – a toda a sociedade – para obter mais privilégios?
Que ele, ao fim, não seja mais que um lumpen, um marginal – alguém que está à margem e não acima da sociedade – significa apenas que sua atividade é antissocial.
Assim, a marketagem do “corte de privilégios” para assaltar a Previdência é algo tão monstruosamente mentiroso, tão indizivelmente desonesto, tão asquerosamente oposto à realidade (isto é, em completo desrespeito à verdade) que – mesmo considerando a complacência que se tem hoje em relação à propaganda enganosa – seria motivo, fosse qualquer outro o “produto” anunciado, de suspensão da veiculação e punição dos responsáveis. Por muito menos até o Conar, que é um órgão privado das agências de publicidade, já proibiu anúncios na televisão.
Por essa razão, inclusive, a marketagem do governo contra a Previdência fora suspensa por decisão liminar, da juíza Marciane Bonzanini, da 1ª Vara Federal de Porto Alegre – decisão confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), rejeitando recurso da Advocacia-Geral da União (AGU).
No entanto, a presidente do STF, Carmen Lúcia, decidiu a favor do governo, considerando que proibir a divulgação dessa mentirada implicava em “risco de grave lesão à ordem pública administrativa” (cf. Suspensão de liminar 1.101/RS, p. 14).
De janeiro até 19/06/2017, o governo Temer gastou, nessa campanhota sem vergonha, 100 milhões, 69 mil, 178 reais e 89 centavos, assim distribuídos:
1) TV: R$ 57.416.694,92;
2) Rádio: R$ 19.340.757,10;
3) Mídia Exterior: R$ 10.719.573,25;
4) Internet: R$ 4.962.299,46;
5) Jornais: R$ 4.571.661,76;
6) Revistas: R$ 3.058.192,40;
TOTAL: R$ 100.069.178,89. (cf. Palácio do Planalto, Serviço de Informações ao Cidadão, Resposta ao pedido 00077.000693, 19/06/2017).
Na última quinta-feira, o governo lançou mais uma campanha de propaganda do ataque à Previdência, dessa vez orçada em R$ 27 milhões – o que não quer dizer que fique nisso, pois o orçamento inicial da anterior, em que se gastou mais de R$ 100 milhões, era de R$ 71 milhões.
Não estamos, evidentemente, sugerindo que essa derrama de dinheiro em publicidade mentirosa esteja servindo para subornar alguém ou algum órgão – muito menos que uma parte desse dinheiro esteja se metamorfoseando em propina. Como todo mundo sabe, essas coisas não existem no atual governo.
Também os R$ 7,5 bilhões que o governo anunciou, na sexta-feira, que iria “liberar” – dos quais R$ 593,4 milhões em emendas parlamentares que estavam bloqueadas, isto é, “contingenciadas” – nada têm a ver com suborno a deputados ou senadores para que estuprem a Previdência, cortem aposentadorias, estabeleçam prazos em que o trabalhador poderá se aposentar na véspera de morrer – na melhor das hipóteses – etc., etc.
O que tem esse governo – e, em especial, a corriola de Temer – com receber e distribuir propinas?
CARLOS LOPES
Quando Color confiscou a poupança todos ficaram contra.
Só Militar vai se aposentar neste país.
E vc não vai conseguir sair desta Previdência.
É um confisco disfarçado
Socialismo para pobre e capitalismo com Justiça para Rico