Por um valor “simbólico” de 50 mil reais, a Equatorial Energia arrematou a primeira distribuidora do plano de privatização do setor elétrico estatal do governo Temer. Até então controlada pela Eletrobrás, a Cepisa, que distribui energia para o estado do Piauí, foi leiloada nesta quinta-feira (26).
A venda por este preço de banana da companhia, que fornece energia para 1,2 milhão de residências, foi comemorada pelo governo como o primeiro passo para o processo de venda da própria Eletrobrás.
A Equatorial Energia, que já controla outras distribuidoras como a Cemar no Maranhão e a Celpa, no Pará, é um conglomerado de empresas estrangeiras, como a BlackRock, uma arapuca americana especializada em especular títulos e ações, o Banco Opportunity, muito conhecido aqui no Brasil, inclusive pela Polícia Federal, e a Squadra Investimentos, uma outra arapuca de jogadores do mercado, com sede no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, além dos acionistas minoritários. São estes “especialistas” que vão tomar conta da distribuição de energia.
A companhia levou a Cepisa de graça, apenas com o “compromisso” futuro de oferecer um deságio em relação ao preço da energia e de realizar investimentos de R$ 720 milhões na companhia a perder de vista. Além disso, quando já estiver lucrando as bufas em cima dos consumidores, pagará um valor de outorga de 95 milhões à União.
Demissões
A Cepisa emprega 3,1 mil trabalhadores e o temor de uma demissão em massa após a privatização não é em vão. Ao lado do ministro de Minas e Energia Moreira Franco, o próprio presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Jr. afirmou após perguntas de jornalistas que “regime privado é meritocracia. Não deve ter medo de perder o emprego quem trabalha e recebe remuneração adequada”. Este tipo de de afirmação é a senha para que os compradores iniciem as demissões.
“Estão preocupados com os funcionários da companhia, mas são 3 milhões de pessoas no estado (que supostamente se beneficiariam com a privatização). Tem que priorizar”, completou. Quem vai se beneficiar com essa negociata são os envolvidos nela, como o já investigado pela Lava Jato, Moreira Franco. O tal “funcionamento” privado que vai beneficiar as pessoas, nós já conhecemos muito bem. A AES adquiriu a Eletropaulo, recebeu capital do BNDES, deu calote, os apagões aumentaram de frequência, e, depois de mamar bastante, a empresa americana passou a empresa adiante.
Leilão de distribuidoras
Após ser interrompido na Justiça, o pacote de privatização de distribuidoras de Temer teve de passar pelo crivo do Congresso Nacional. Nem mesmo todas as condições do leilão foram aprovadas, e já está marcado para o dia 30 de agosto o leilão da Amazonas Distribuidora, da Boa Vista Energia, das Centrais Elétricas de Rondônia, da Companhia de Eletricidade do Acre e da Companhia Energética do Alagoas.