A Polícia Federal encontrou 12 ligações telefônicas entre Michel Temer e o coronel da PM aposentado João Baptista Lima Filho, entre abril de 2016 e maio de 2017, semanas antes da deflagração da Operação Patmos. Somente no mês de maio, 6 dias antes da deflagração da operação, houve 4 conversas telefônicas entre Temer e seu amigo de mais de 30 anos. Do total, 9 ligações foram chamadas de Temer para João Baptista Lima Filho.
A Operação Patmos foi originada a partir da colaboração premiada dos executivos da JBS, principalmente Ricardo Saud, revelando que Temer recebeu propina do grupo através do deputado e assessor, Rodrigo Rocha Loures, conhecido como o homem da mala, flagrado saindo de uma pizzaria com uma mala correndo pela rua. A ação foi monitorada pela Polícia Federal que gravou tudo. Saud também revelou que o coronel recebeu em sua agência, a Argeplan, R$ 1 milhão para Temer na campanha presidencial de 2014.
Temer foi denunciado por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça pelo Ministério Público Federal (MPF).
“Os dados analisados demonstram João Batista Lima Filho como sendo um homem com acesso direto ao presidente Temer, a pessoas importantes ligadas ao governo, bem como a investigados pela Operação Lava Jato”, diz o relatório da PF encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Além de Temer, constam ligações de Moreira Franco, ministro da da Secretaria-Geral da Presidência, e do ex-assessor do presidente, Jose Yunes.
RODRIMAR
O coronel também é investigado no âmbito das operações que tratam de crimes e favorecimentos a empresas no porto de Santos. Intimado diversas vezes para depor, ele alegou motivos de saúde para não comparecer aos interrogatórios.
A suspeita do Ministério Público Federal é que executivos da Rodrimar, que atua no ramo portuário, pagaram propina para que a empresa fosse beneficiada com a edição de um decreto assinado pelo presidente Michel Temer em 2017 em que prorrogava a concessão da empresa. O coronel é apontado como um dos intermediários da propina paga no caso do decreto de portos.
Lima foi intimado no final do ano passado para depor, mas informou à PF que não compareceria porque o estado de saúde dele estava “bastante delicado”. Uma nova intimação para depoimento foi expedida contra o coronel no dia 30 de janeiro.