Representantes das multinacionais do setor automotivo reuniram-se na terça-feira (24) com o presidente Michel Temer e ministros para detalhar as novas benesses às montadoras, através do chamado programa Rota 2030.
Segundo declarou Antonio Megale, presidente da associação das montadoras, Anfavea, a expectativa do setor é de isenção de R$ 1,5 bilhão. “A ordem de grandeza é essa, mas dependendo dos ajustes do mecanismo ele pode variar para baixo um pouco”, disse Megale.
A última versão da Rota 2030, que deverá ser anunciada com “antes da viagem do presidente Temer ao Sudoeste Asiático”, permite que os chamados investimentos em pesquisa e desenvolvimento sejam deduzidos do Imposto de Renda (I.R) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), como já ocorre com a Lei do Bem de 2005. Sendo que no Rota 2030, o multiplicador de 60% para o abatimento dos recursos investidos em P&D passa a ser de 160%. Se a montadora “investir” R$ 10 milhões em novas tecnologias, ela poderia descontar R$ 26 milhões do lucro contábil, calculou o Valor Econômico. Com isso, a múlti paga bem menos impostos do que no antigo programa.
O Rota 2030 substitui o Inovar-Auto, criado em 2012 no governo Dilma Rousseff, com o objetivo de beneficiar as montadoras estrangeiras com isenção de impostos. O programa foi encerrado em dezembro do ano passado.
As multinacionais, que em plena recessão não deixaram de extorquir os brasileiros com os altos juros nos financiamentos e os carros mais caros do mundo, alegam que tiveram “prejuízo” na crise e por isso não estão pagando os impostos.
Na recessão que assola o país há mais de três anos, as montadoras não deixaram de lucrar e remeter lucros às matrizes, não deixaram de demitir e reduzir jornada e salários dos trabalhadores brasileiros.