O tenente-coronel da Polícia Militar de São Paulo, Paulo Ribeiro, gravou um pronunciamento conclamando seus colegas para não participarem das manifestações bolsonaristas do dia 7 de setembro.
“Estamos vivendo um momento delicado, em que aventureiros e irresponsáveis tentam nos conduzir para a consecução de seus objetivos espúrios”, afirmou o tenente-coronel da reserva, que já integrou a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar).
Para ele, “a Polícia Militar se destina à estrita obediência ao ordenamento jurídico e à riqueza da dignidade humana, sendo, portanto, vedado aos seus integrantes pregar a ruptura democrática e institucional do país”.
“O poder político só é conquistado pela via legal, o voto”, pontuou.
“Por isso, caros combatentes, permaneçamos firmes e leais ao povo de São Paulo. Concentremos nossos esforços à luta por melhores salários, pois, esses que nos concitam a defender um presidente que nada faz pela PM, estão muito bem recompensados em cargos comissionados no governo federal”.
“Chega de sermos massa de manobra. Foi por isso que eu me levantei e resolvi usar minha voz para denunciar que estamos prestes a sermos usados de forma grave, que é a quebra da ordem institucional do país”, alerta. “Seremos usados e depois abandonados com uma mão na frente e outra atrás.”
O tenente-coronel disse que se preocupa com os policiais menos graduados. Ele comentou que o que pesa na crise atual é o “silêncio dos bons”. “Nosso pessoal que é respeitador está muito calado. Temos que mostrar que estamos aqui e precisamos lutar pela legalidade do país”, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
No vídeo, Paulo Ribeiro diz que é do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), a “inteira responsabilidade de frear arroubos delirantes que visem à quebra da ordem disciplinar da PM de São Paulo”.
João Doria anunciou a suspensão do coronel Aleksander Toaldo Lacerda, chefe do comando de Policiamento do Interior-7, da região de Sorocaba, por ter feito manifestações políticas.
“Indisciplina não será admitida na PM que respeita suas regras e suas funções. São Paulo tem orgulho da sua polícia militar, a mais bem treinada do Brasil”, disse João Doria.
“Aqui no Estado de São Paulo nós não teremos manifestações de policiais militares na ativa de ordem política”, continuou.
A fala do tenente-coronel Paulo Ribeiro se contrapõe também à do coronel da reserva da PM e presidente do Ceagesp, indicado por Jair Bolsonaro, Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo.
Ricardo Araújo disse que os policiais militares devem se unir e participar das manifestações convocadas por Jair Bolsonaro e lutar contra o “comunismo”.