O ex-senador e ex-ministro da Educação, Cristovam Buarque (Cidadania23), afirmou que “a tentativa de assassinato do senador Cid Gomes tem uma gravidade muito superior ao aspecto pessoal, é um atentado terrorista à democracia”.
Na quarta-feira (19), Cid Gomes (PDT) foi baleado enquanto tentava liberar um bloqueio feito por policiais amotinados num quartel. Cid, com uma retroescavadeira, derrubou uma grade para abrir o acesso para as pessoas que estavam dentro do quartel de Sobral, interior do Ceará.
Mesmo após acordo fechado com o governo do estado, os amotinados encapuzados ou com o rosto coberto por capacete impediam que o restante trabalhasse, furando pneus das viaturas, e ordenava, com armas em punhos, que comerciantes fechassem suas lojas.
Cristovam Buarque, que também é escritor e ex-governador do Distrito Federal, comparou os tiros contra Cid com “a facada no candidato Bolsonaro. Agravado porque não foi um indivíduo, o tiro saiu de uma categoria militar”.
Durante as eleições de 2018, Bolsonaro levou uma facada de Adélio Bispo. A Polícia Federal concluiu que ele agiu sozinho. A Justiça considerou Adélio inimputável por sofrer transtornos mentais.
O governo do Ceará e as associações dos policiais militares assinaram um acordo salarial. O governador Camilo Santana (PT) o enviou para a Assembléia Legislativa, que mediou e avalizou o acordo.
Entre outros benefícios, um piso de cinco salários mínimos foi oferecido para o policial jovem que começa a carreira.
Mas os milicianos infiltrados no movimento instigaram pelo não cumprimento do acordo, exigindo muito mais do que havia sido acordado e sabendo que o Estado não tem condições de pagar.
E agiram na base do terrorismo, das ameaças. Os milicianos, com os rostos escondidos por capuzes e capacetes, barravam os policiais que queriam voltar ao trabalho, paravam viaturas e os obrigavam a descer delas, furavam pneus, queimaram veículos, ordenavam comerciantes a fecharem suas portas. E confinaram vários dos seus colegas nos quartéis, fechando grades e portões, como foi o caso do 3º Batalhão de Sobral, onde Cid foi baleado.
A população ficou aterrorizada, pedindo em vídeos providências.
O senador do PDT já foi prefeito de Sobral e tem forte ligação com o município. E decidiu buscar uma solução para resolver o impasse, procurando o diálogo.
Quando foi para Sobral, na quarta-feira (19), para encontrar uma solução para a crise que atingia a cidade, Cid Gomes gravou um vídeo enfatizando que sua missão era pacífica. E ao chegar à cidade, em discurso para populares, ele declarou: “Eu vim para Sobral (CE) para defender a paz e a tranquilidade do povo”.
Mas nas primeiras tentativas, Cid foi recebido com grave hostilidade. Num vídeo compartilhado pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), com um megafone na mão ele tenta conversar com os milicianos amotinados. E um deles desfere um soco no rosto do senador.
Como último recurso, Cid dirigiu pessoalmente uma retroescavadeira para arrancar o portão gradeado e liberar o quartel. Arrancado o portão, parou, não jogou em cima das pessoas como dizem os milicianos.
E vendo que sua ação terrorista de confinar à força os policiais tinha fracassado, com a atitude de Cid, um dos milicianos, com capacete na cabeça, mirou em direção ao senador, ainda dentro da retroescavadeira, e disparou os tiros de calibre 40 que acertaram o peito do pedetista, como está registrado em vídeo divulgado na internet.
As balas, por milagre, não atingiram órgãos vitais e o senador passa bem.
A médica Lia Gomes, irmã do senador licenciado, declarou: “Muita revolta porque eles atiraram para matar, foi um tiro direcionado no coração que atingiu uma costela e foi essa costela que desviou a bala. Se ela tivesse entrado entre uma costela e outra, a gente não estaria aqui agora contando essa história”, disse.
Em uma live (transmissão ao vivo), Bolsonaro e seu agora ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, debocharam da situação, da ação de Cid e acobertaram o miliciano atirador.
“Aquele cara lá, não fala o nome dele não, que subiu no trator e foi empurrar o portão lá com crianças, com mulheres, ele agiu corretamente ou não, não fala o nome dele não?”.
“Evidente que não, né presidente. Aí é uma irresponsabilidade, um desequilíbrio, um ato que colocou em risco a vida de muitas e muitas pessoas. E é evidente que quando tu tem tua vida em risco, tu tem o direito à legítima defesa”, respondeu o ministro, repetindo a versão criminosa dos milicianos cearenses para cometerem a barbaridade contra o parlamentar cearense.
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