
A Prefeitura de São Bernardo do Campo confirmou nesta segunda-feira (29) a terceira morte suspeita por consumo de bebidas alcoólicas “batizadas” com metanol na Grande São Paulo. É o segundo óbito na cidade. A capital paulista também registrou uma morte.
Ainda, ao menos 10 pessoas foram internadas por intoxicação por metanol após consumirem bebida alcoólica adulterada em cidades em São Paulo.
Em nota, a Secretaria da Saúde do município do ABC Paulista informou que o primeiro caso é de um homem de 38 anos que faleceu em 24 de setembro e foi atendido no Hospital de Urgência. O segundo é de um homem de 45 anos que faleceu em 28 de setembro e foi atendido na rede particular.
Nos dois casos, os exames estão sendo realizados pelo IML (Instituto Médico Legal) para confirmar ou descartar a contaminação, pontuou a prefeitura.
Na sexta-feira (26), o Ministério da Justiça e de Segurança Pública divulgou que a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos recebeu, por meio do Sistema de Alerta Rápido, “notificação que reporta nove casos de intoxicação por metanol no estado de São Paulo, num período de 25 dias, todos a partir da ingestão de bebida alcoólica adulterada”.
O Ministério apontou que os casos são “considerados fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol”.
Uma das vítimas em entrevista ao canal Globonews contou que perdeu a visão após a intoxicação. A vítima conta que estava em um bar em São Paulo quando consumiu três caipirinhas e horas depois passou mal. Ela teve convulsões, precisou ser internada na UTI e, após as complicações, perdeu a visão completamente.
Segundo as investigações, os casos foram registrados em um intervalo de menos de 18 dias nas cidades de São Paulo, Limeira (SP) e Bragança Paulista (SP). As nove pessoas foram internadas entre o dia 1º e 18 de setembro.
METANOL
Para entender melhor, o metanol (CH₃OH) é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. O produto é um tipo de álcool simples, incolor e inflamável, com cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum.
Ele já foi chamado de “álcool da madeira”, porque antigamente era obtido pela destilação de toras. Hoje, sua produção industrial é feita principalmente a partir do gás natural.
Embora seja usado em pequenas quantidades na natureza, podendo ser encontrado em frutas, vegetais e até produzido pelo corpo humano em baixíssimas doses, o metanol é altamente tóxico em concentrações elevadas.
O metanol tem diversas aplicações legítimas na indústria. Ele é usado na fabricação de formaldeído (o famoso formol), ácido acético, tintas, solventes e plásticos, e está presente em produtos como anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta.
Também já foi utilizado como combustível em carros de corrida e pequenos motores, mas em condições seguras e controladas.
No Brasil, uma das principais funções do metanol é servir de matéria-prima para a produção de biodiesel, em um processo químico chamado de transesterificação.
Fora disso, ele não deve ser comercializado diretamente para consumo humano ou adicionado em grande escala a combustíveis comuns.