No que foi prontamente descrito pela mídia como ‘o ataque terrorista mais letal na cidade de Nova Iorque desde o 11 de Setembro’, um homem lançou na terça-feira (31) uma caminhonete em pleno dia de Halloween ao longo de uma ciclovia em Manhattan, atropelando e matando oito pessoas, a maioria turistas, e ferindo 11, até ser baleado no abdômen e capturado por um policial. O atacante portava uma arma de ar comprimido e outra de paintball. Posteriormente identificado como o imigrante legal de origem uzbeque Sayfullo Saipov, ele foi na quinta-feira (2 de novembro) apresentado a um tribunal e formalmente acusado.
A Parada de Halloween transcorreu normalmente e o presidente Donald Trump imediatamente aproveitou para intensificar a xenofobia contra imigrantes – além de sair do foco da mídia adversária por alguns minutos – e inclusive ameaçou fechar a ‘loteria do green card’, que existe desde o governo de Bill Clinton. Também anunciou que pedirá pena de morte para Saipov e o mandará para Guantánamo.
TURISTAS
As vítimas são cinco argentinos – que estavam em viagem de comemoração de 30 anos de formatura -, uma belga e dois norte-americanos. Saipov imigrou para os EUA em 2010, morou em Ohio, casou em 2013, mudando para a Flórida e, de lá, para o estado vizinho de Nova Iorque, Nova Jérsei. É pai de três filhos e tem 29 anos. Na mesquita que freqüentava uma ou duas vezes por mês, era visto como calado e não era conhecido por pontos de vista radicais. Sua mulher já foi interrogada pelo FBI.
Como se sabe, antes da CIA promover junto com os sauditas e o serviço secreto paquistanês a weaponization [transformação em arma] de uma seita extremista, o wahabismo, para deter a revolução afegã e atingir a URSS, que a apoiava, fabricando a Al Qaeda, e posteriores metástases, como os petro-terroristas chechenos, o Exército de Libertação de Kosovo, os ‘insurgentes líbios’, a Frente Al Nusra e o Daesh [pomposamente tratado pela mídia como ‘Estado Islâmico’], assim como a invasão da Somália, Afeganistão, Iraque, Líbia e imposição de guerra à Síria, não havia o terrorismo em escala industrial dito “islâmico”. Como disse um proeminente intelectual, se o principal produto dos países muçulmanos fosse brócolis, e não petróleo, certamente nada disso estaria ocorrendo.
A polícia americana assevera ter encontrado no celular de Saipov inúmeras imagens do Daesh, “incluindo do líder do grupo, Al Baghdadi”. A promotoria disse que nos primeiros depoimentos Saipov declarou ter sido “inspirado” nos vídeos do Daesh, especialmente um em que Al Baghdadi perguntava o que os muçulmanos nos EUA estavam fazendo para responder às mortes de muçulmanos no Iraque.
Ataques com atropelamento já vinham ocorrendo na Europa, o mais notório deles em Nice, na França. Enquanto porta-aviões e drones permitem às potências imperiais cometer massacres de civis em festas de casamento e mercados sem serem acusadas de realizarem ataques terroristas, as sementes tão cuidadosamente cultivadas pela CIA no mundo inteiro passaram a usar prosaicos e muito mais baratos veículos para seus próprios assassinatos de civis. Curiosamente, a mídia cansou-se de mostrar a polícia rebocando em Passaic, NJ, um veículo pertencente a Saipov, uma Toyota, mesma marca das centenas de reluzentes pickups que a CIA forneceu nos bons tempos do início das operações do Daesh, após a famosa foto dos ‘chefes da revolta síria’ com o senador John McCain – um deles Al Baghdadi. A.P