Grupo de Eduardo Fauzi também agiu no campus da UniRio vandalizando faixas colocadas contra o fascismo. Polícia descobriu que ele está na Rússia
O terrorista que atacou a sede do grupo Porta dos Fundos é investigado por pertencer a uma milícia na cobrança de estacionamentos rotativos no Centro do Rio.
Eduardo Fauzi Richard Cerquise é presidente da Associação dos Guardadores Autônomos de Veículos São Miguel.
A 5ª Delegacia de Polícia (Avenida Mem de Sá) possui um inquérito de mais de 200 páginas que investiga a participação de Fauzi num grupo de milicianos no comando de estacionamentos irregulares no Centro do Rio de Janeiro.
Os crimes apurados são formação de quadrilha e ameaças. Há sete anos a delegacia apura o caso e até agora não chegou a uma conclusão.
No inquérito há relatos de ameaças a guardadores do Centro, tomando vagas à força. Segundo a Polícia Civil, Fauzi e um agente da Polícia Militar faziam parte do grupo. Além de atuar no Centro, o grupo miliciano — em que Fauzi faria parte — também atuaria na Praça Tiradentes e na Praça Mauá.
De acordo com denúncias encaminhadas à Polícia Civil, Fauzi exercia ilegalmente a atividade num estacionamento no Centro do Rio, que não tinha alvará da prefeitura para funcionamento.
Em novembro 2013, na gestão de Eduardo Paes (DEM), o então secretário da Ordem Pública, Alex Costa, que estava concedendo uma entrevista à TV, foi agredido com um soco no rosto pelo terrorista Eduardo Fauzi. Num vídeo do momento da entrevista, mal o secretário começou a falar, o galinha verde (como eram popularmente conhecidos os integralistas da década de 30) corre por trás, bate em Alex Costa, que cai no chão, e grita: “é mentira”.
Fauzi foi preso em flagrante na ocasião. No momento da agressão, a Prefeitura fazia uma operação para fechar estacionamentos irregulares na região da Zona Portuária. Ainda no dia da agressão, Fauzi disse que faria tudo novamente e reclamou do modo de operação municipal. Ele chegou a ser preso, mas respondeu ao processo em liberdade.
Ele foi condenado em fevereiro a quatro anos de prisão pela Justiça do Rio no processo. Fauzi respondeu por lesão corporal, ameaça e desacato, mas os crimes prescreveram e ele não foi punido.
Também foi denunciado por exercício ilegal da profissão, mas foi absolvido por falta de provas. O juiz Guilherme Duarte, no entanto, condenou Fauzi por coação no curso do processo por causa de seu comportamento. Para o juiz, Eduardo Fauzi não demostrou qualquer arrependimento pelo ataque contra Alex Costa.
Fauzi tem 15 anotações criminais, entre elas por ameaça, lesão corporal, desacato, extorsão e na Lei Maria da Penha, por agredir a ex-mulher.
A Justiça autorizou, no domingo (29), a prisão de Eduardo Fazi pelo ataque à sede da produtora do Porta dos Fundos, que aconteceu na madrugada do último dia 24. Fauzi não foi localizado e está foragido.
O terrorista foi identificado após o cruzamento de informações de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e também pela pesquisa de imagens de mais de 50 câmeras de segurança dos bairros de Botafogo e Humaitá.
Num vídeo, o grupo que atacou a produtora do Porta dos Fundos assume a ação se dizendo membros do “Comando Insurgência Popular Nacionalista da Grande Família Integralista Brasileira”. Todos os integrantes aparecem encapuzados e leem um manifesto enquanto imagens do ataque com coquetéis molotov são exibidos.
Na terça-feira (31), operação da Polícia Civil fez buscas e apreensões em quatro endereços ligados a Fauzi na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, no Engenho Novo, na Zona Norte, e no Centro do Rio. Em um dos imóveis do terrorista a Polícia Civil encontrou R$ 119 mil em dinheiro. Além de três armas falsas, munições, camisa de entidade filosófico-política e quatro computadores.
Ele é filiado ao PSL desde 3 de outubro de 2001.
A polícia já sabe que o grupo de Fauzi, que assumiu o ataque terrorista contra a produtora do Porta dos Fundos, é o mesmo que assumiu uma ação no campus da UniRio em dezembro de 2018. Na ocasião foram retiradas bandeiras antifascistas colocadas pelos estudantes no campus.
Também o grupo “Comando de Insurgência Popular Nacionalista” da “Grande Família Integralista Brasileira” reivindicou os ataques.
A polícia relativiza e diz que embora o grupo seja o mesmo podem não ser as mesmas pessoas.
Na quarta-feira (1), o Portal dos Procurados divulgou um cartaz oferecendo recompensa de R$ 2 mil reais para quem ajudar a 10ª DP (Botafogo) com informações que levem à prisão de Eduardo Fauzi Richard Cerquise.
Mas na tarde de quinta-feira (2 de janeiro) a polícia informou que o terrorista fugiu para a Rússia no dia 29 de dezembro, antes da expedição do seu mandado de prisão. Ele pegou um voo da Air France, fez uma escala em Paris e seguiu para Moscou.
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