A assessora parlamentar e amiga pessoal de Michelle Bolsonaro, Rosemary Cardoso Cordeiro, repassava parte de seu salário para a então primeira-dama regularmente em pacotes de dinheiro vivo chamados de “encomendas”.
Um funcionário do Palácio da Alvorada, residência do presidente da República, contou ao site Metrópoles o esquema de corrupção que a família Bolsonaro chefiava.
Rosemary Cardoso Cordeiro era assessora do senador Roberto Rocha (PTB-MA) e recebia R$ 6 mil. Depois que a amiga Michelle virou primeira-dama, Rosi, como é chamada, foi promovida e passou a receber R$ 17 mil.
A partir de então, Rosi começou a enviar pacotes de dinheiro vivo para o Palácio da Alvorada. Auxiliares de Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, buscavam as “encomendas” no Congresso Nacional ou na casa de Rosemary, em Riacho Fundo (DF), inclusive usando carros oficiais.
Um funcionário do Palácio disse, em condição de anonimato, que as entregas aconteciam “duas vezes por semana, mais no início do mês”. A “encomenda” era em carregamento de dinheiro vivo, confirmou.
Michelle “pegava dinheiro para pagar as contas mensais que se tinha, [para] as contas particulares que era pego essa quantia”, disse o funcionário.
Um áudio obtido pelo Metrópoles confirma as entregas. Nele, Rosemary diz: “Querido, você tá por perto? Tem como a gente combinar uns 40 minutos? Para eu te entregar a encomenda lá da Mi? Aí só me avisa que eu desço para te entregar”.
Os funcionários do Palácio da Alvorada tinham a certeza, segundo o jornal, de que “Rosi repassava a Michelle uma parte do salário que ganhava no Senado”.
O Metrópoles divulgou documentos que comprovam que Mauro Cid era quem pagava o curso de arquitetura da meia-irmã de Michelle Bolsonaro, Geovanna Kathleen.
Além disso, a ex-primeira-dama pedia para a equipe do ajudante de ordens que fizesse saques para entregar dinheiro para familiares ou pagar boletos de gastos pessoais.
Outra mensagem obtida pelo Metrópoles mostra um assessor de Michelle Bolsonaro pedindo, sob ordens da ex-primeira-dama, para que o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, fizesse um saque de R$ 584 para que um boleto fosse pago.
“Boa tarde Cel Cid, dona Michelle pediu o senhor para fazer um saque para pagar esse boleto no valo [sic] de 584,60”, disse o assessor. “Tem que ser hoje, devido o desconto!”.
Mauro Cid respondeu: “só peça dinheiro a mando dela!!!”.
O assessor então falou: “eu estou indo pra rua agora qualquer coisa passo no planalto e pago”. “Ok. Pega na Ajudancia. Já vou deixar avisado”, retornou Cid.
Em janeiro de 2021, o assessor falou que Michelle Bolsonaro pediu uma transferência de R$ 3.000 para a conta dela. “Boa tarde Cel dona Michelle pediu pro senhor transferir 3.000 pra conta dela!”.
Nesse tipo de situação, Mauro Cid e seus assessores faziam depósitos em espécie na boca do caixa. Isso fica demonstrado por um comprovante de 9 de novembro de 2022.
O esquema de rachadinha no Palácio do Planalto está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Como o senador Roberto Rocha não conseguiu se reeleger, Rosemary perdeu o emprego. Agora, está sendo cotada para assumir um posto no gabinete de Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo Bolsonaro.
Michelle Bolsonaro tem que ser investigada por todas as acusações vigentes como o uso do cartão corporativo o deposito feito pelo Queiroz e o esquema de caixa 2 e quem sabe outros delitos.