Estudo realizado com 50 mil chineses comprovou a segurança da vacina CoronaVac, que está na última fase de testes no Brasil, sem efeitos colaterais sérios aos voluntários. O resultado do ensaio foi apresentado nesta quarta-feira (23), pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em coletiva de imprensa.
“Esses resultados comprovam que a CoronaVac tem um excelente perfil de segurança e comprova também a manifestação feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), indicando a CoronaVac como uma das 8 mais promissoras vacinas em desenvolvimento no seu estágio final em todo o mundo”, afirmou Doria.
No Brasil, a vacina – que é desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Life Science em parceria com o Instituto Butantan – já foi aplicada em quase 5,6 mil voluntários sem nenhum registro de reação adversa grave também. Os testes coordenados pelo Instituto Butantan são realizados em 12 centros de referência em seis estados brasileiros.
Segundo o estudo, que foi apresentado junto aos representantes do governo chinês, apenas 5,3% dos voluntários tiveram sintomas como dor no local da aplicação, fadiga e febre moderada. Os outros 94,7% dos participantes não apresentaram nenhum efeito colateral.
“A segurança e eficácia são dois dos principais fatores para comprovar se uma vacina está pronta para uso emergencial na população. Estamos muito otimistas com os resultados que a Coronavac apresentou até o momento”, afirmou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.
O resultado sobre a eficácia da vacina deve ficar pronto em novembro. Se os dados forem positivos, o imunizante será submetido à aprovação da Anvisa.
VACINAÇÃO
Nesta semana, Doria afirmou que o plano é iniciar a vacinação no estado de São Paulo ainda em dezembro deste ano e, até fevereiro de 2021, já ter imunizado toda a população paulista.
Segundo o governador, 5 milhões de doses devem chegar ao país em outubro. Até dezembro, haverá 6 milhões de doses importadas e outras 40 milhões formuladas pelo Instituto Butantan, o que cobre toda a população paulista. Os primeiros a serem vacinados serão os profissionais de saúde, segundo o governador.
“Teremos 60 milhões de doses até fevereiro, mais que o suficiente. Vamos vacinar os brasileiros de São Paulo, e espero, os brasileiros de todo o Brasil”, disse.
Na entrevista coletiva, Doria fez referência ao discurso de Bolsonaro na ONU, realizado na terça-feira e também criticou a campanha dos bolsonaristas contra a vacina chinesa. “O negacionismo da pandemia e no meio ambiente agrava as consequências”, afirmou, em relação ao discurso do presidente na véspera nas Nações Unidas.
“Aqui não discutimos a origem da vacina. Não estamos numa corrida pela vacina, e sim pela vida”, disse Doria, que afirmou torcer por “todas as vacinas”.
Até dezembro, haverá 6 milhões de doses importadas prontas e outras 40 milhões formuladas a partir de insumos chineses no Butantan, o que cobre toda a população paulista.
Segundo Dimas Covas, esse volume será atingido porque foi negociado o adiantamento de 15 milhões das 55 milhões de doses que a Sinovac irá fornecer até maio de 2021. A nova fábrica de vacinas do Butantan começará a ser construída no mês que vem, e terá capacidade para produzir 100 milhões de doses anuais.
Depois da vacinação em São Paulo o plano é ofertar a Coronavac para outros estados e até países da região.
A distribuição fora de São Paulo pode ocorrer em acordos pontuais ou depender de um arranjo com o governo Bolsonaro. O secretário de Saúde paulista, Jean Gorinchteyn, se encontrou com o ministro Eduardo Pazuello nesta quarta para discutir o fornecimento de 40 milhões de doses para a União.