O economista, integrante da área de infraestrutura na equipe de transição do governo eleito, Gabriel Galípolo, afirmou no último sábado (26) que o teto de gastos já passou “do funeral” e que está mais “para a missa de sétimo dia”.
“Uma regra fiscal que funciona por excepcionalidades o tempo todo é uma regra que já não existe”, declarou Galípolo no “Fórum Esfera Brasil”, um seminário realizado por especialistas para debater temas de economia, saúde, educação e meio ambiente.
Galípolo disse, ainda, que o problema do país não é o tamanho do Estado, mas uma qualidade ruim do gasto e da arrecadação.
“Quando olho para a média da OCDE, não vejo o Brasil como um quasímodo, não tenho distorção. Mas quando olho para a estrutura de arrecadação, e para estrutura de gastos do Brasil, aí sim eu tenho um monstro de gastos e concentrador de renda”, disse o economista, também afirmando que não vê dicotomias entre o crescimento do país e o desenvolvimento ambiental e nem entre a responsabilidade fiscal e a igualdade social. “São falsas dicotomias. Falsas oposições colocadas”, disse.
Floriano Pesaro (PSB), secretário-executivo da equipe de transição, afirmou no seminário que a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições se deu por “um país mais justo, mais equânime, com credibilidade internacional e por um país que possa trabalhar com esse binômio de responsabilidade fiscal com responsabilidade social”, destacou Pesaro lembrando aos ouvintes que o programa de governo apresentado durante a eleição não está sendo rediscutido pela equipe de transição.
Também no evento, o ex-prefeito de Osasco (SP) pelo PT, Emídio de Souza, que também é integrante da equipe de transição, disse que “é muito preocupante” a atual situação do país.
A herança deixada pela atual gestão, aponta Souza, é de “programas desmontados, com programas com dotações orçamentárias que não existem para 2023”.
Ele ressaltou que “a determinação do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin é que a gente foque na necessidade de fazer uma transição tranquila e que o Brasil não sofra com descontinuidade”.
Ele destacou a necessidade do governo eleito buscar dialogar com partidos e com a sociedade civil. “Precisamos de um governo que una esse país, que saiba ouvir os setores econômicos, os agentes econômicos, saiba ouvir todos os partidos, saiba dialogar com o Congresso Nacional, saiba colocar o que é prioridade para o Brasil, saiba recuperar a credibilidade internacional que foi ao chão nos últimos anos”, afirmou.
A governadora reeleita do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, afirmou que o país necessita de ter crescimento econômico.
“Como governar o país, os estados e os municípios, se a gente não tem convergência ou diálogo do ponto de vista de trilhar os caminhos necessários para trazer aquilo que o Brasil mais precisa nesse momento, que é crescimento econômico, projeto de desenvolvimento sustentável que seja justo e inclusivo, e trazendo cidadania”, questionou.
“A realidade do Brasil é dramática. Dói no coração ver a destruição das políticas sociais. Ver a decomposição, por exemplo, do orçamento para a saúde, para o SUS, para a educação. Ou seja, é um orçamento depenado, e não estamos falando aqui de uma política qualquer. Estamos falando de políticas imprescindíveis para a promoção da cidadania e de direitos”, disse.
A governadora afirmou que a frente ampla representa o reencontro do país com a defesa da democracia.
“Essa frente ampla era necessária para a gente interditar esse ciclo de governo autoritário e obscurantista que levou o país a essa tragédia, inclusive do ponto de vista social. E ela é mais necessária ainda inclusive para governar. Entendendo que o momento é de reconstrução nacional”, observou.