O módulo central da estação espacial Tianhe – em construção – da China recebeu seu primeiro “visitante”, a espaçonave de carga Tianzhou-2 na noite de sábado (29), horário de Brasília, cerca de 8 horas após o lançamento desta última, estabelecendo um novo recorde na história do programa espacial da China, registrou a agência de notícias Xinhua.
De acordo com a agência espacial chinesa, o encontro e atracação da espaçonave de carga não tripulada Tianzhou-2 com o módulo central da Tianhe levou cerca de oito horas após o lançamento desde o espaçoporto de Wenchang da Província de Hainan, no sul da China, por meio de um foguete Longa Marcha 7.
Após um tempo de vôo de cerca de 604 segundos, a espaçonave se separou do foguete e entrou em órbita predefinida. Alguns minutos depois os painéis solares a bordo da espaçonave se desdobraram suavemente, com todas as funções em condições normais de operação, marcando o sucesso do primeiro lançamento de uma espaçonave ao módulo central da estação espacial em construção.
Inicialmente previsto para 20 de maio, o lançamento chegou a ser adiado por duas vezes, por problemas identificados no último instante.
Com de 10,6 metros de comprimento e 3,35 metros de diâmetro, a espaçonave de carga tem dois componentes, um módulo de carga totalmente fechado e um módulo de propulsão. Pesa 13,5 toneladas e é capaz de portar uma carga útil de 6,9 toneladas. Seu serviço em órbita será de pelo menos um ano, segundo o comandante-chefe da missão, Feng Yong.
A bordo está o necessário para apoiar três astronautas em suas missões espaciais por três meses. A Tianzhou-2 também transportou duas toneladas propelentes para reabastecer o módulo central da Tianhe, disse o porta-voz da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST), Mu Guoxin.
Além das tarefas de reabastecimento, a nave realizará um voo acoplado ao módulo central, em que serão testadas uma série de tecnologias, incluindo movimentos de braços robóticos.
O porta-voz anunciou que em junho a espaçonave tripulada Shenzhou-12, com três taikonautas a bordo, irá atracar ao módulo central na frente e, juntas, as três seções formarão “a primeira estrutura linear para a estação espacial da China”.
Em setembro, está programada a chegada da nave de suprimento Thianzhou-3 e, em outubro, a espaçonave tripulada Shenzhou-13. O plano é que a estação espacial Tianhe esteja inteiramente operacional em 2022.
Mu assinalou que “a relação carga/massa total [da Tianzhou-2] é superior a 50 por cento”, o que indica sua liderança mundial em capacidade de transporte.
Lei Jianyu, vice-diretor projetista da Tianzhou-2, afirmou que existem apenas duas espaçonaves de carga em serviço no mundo que são capazes de enviar cargas de mais de cinco toneladas, e a Tianzhou é uma delas.
A missão de sábado também mostrou uma evolução substancial no processo de acoplamento da Tianzhou à estação espacial em construção, apenas seis horas. Em comparação, procedimento semelhante com a estação preliminar Tiangong-2 demorou dois dias.
A razão de tal progresso se deve a que todas as informações para a manobra de atracação foram instaladas no software da Tianzhou-2, economizando o tempo necessário para transferir tais instruções do centro de rastreamento e monitoramento em solo, o que foi o caso de Tianzhou-1 ao executar o mesmo movimento.
Na base dessa melhoria está o fato de que a nave Tianzhou-2 usa as informações de localização fornecidas pelo Sistema de Satélites de Navegação BeiDou chinês para navegar automaticamente para o encontro e acoplamento com a estação espacial. A versão anterior Tiangong-1 precisava de ajuda externa para fazê-lo.
Em uma situação ideal, esse tempo de encontro-atracação pode ser reduzido para cerca de quatro horas, anunciou o CAST. O que, em caso de uma emergência, facilitará respostas rápidas, conduzindo materiais necessários ou resgatando astronautas em perigo.
Yang Sheng, o projetista-chefe do sistema de espaçonaves de carga, revelou que a tecnologia de logística terrestre também foi adotada na espaçonave. A localização de itens de suprimento e nível de estoque podem ser obtidos pelos astronautas com a simples digitalização de um código QR.
Quando houve o processo de construção da Estação Espacial Internacional (ISS), Washington vetou a participação da China, dizendo que não tinha tradição nem tecnologia espacial.
25 anos depois, a ISS está no fim de vida útil, e o programa espacial da China evoluiu para a coleta de pedras na Lua e pouso no lado oculto do satélite da Terra, construção de sua própria estação espacial e envio de nave a Marte e pouso de um rover. China e Rússia assinaram um acordo para criação de uma estação espacial lunar, aberta a todos os países.