Em declarações no think tank Conselho Atlântico esta semana, o secretário de Estado Rex Tillerson, pela primeira vez afirmou que os EUA estão prontos para iniciar conversações exploratórias com a Coreia Popular “sem condições prévias”, mas apenas após um “período de silêncio” sem novos testes nucleares ou de mísseis.
“Estamos prontos para conversar a qualquer hora que a Coréia do Norte queira falar. Estamos prontos para ter a primeira reunião sem condições prévias. Vamos apenas nos encontrar”, disse Tillerson. “E então podemos começar a elaborar um roteiro … Não é realista dizer que só vamos conversar se você chegar à mesa pronto para desistir do seu programa. Eles investiram demais nele”.
Até então, Tillerson vinha exigindo de Pyongyang que se desarmasse unilateralmente antes de qualquer conversa. As novas declarações de Tillerson foram saudadas pela Rússia e pela China e se aproximam da proposta russo-chinesa de “duplo congelamento”, com os EUA suspendendo as manobras de invasão na península e Pyongyang paralisando seus testes nucleares e de mísseis.
Tillerson assinalou a necessidade de “um período de silêncio” no qual essas conversas preliminares poderiam ocorrer, o que chamou de consideração prática. “Será difícil conversar se, no meio de nossas conversas, você decidir testar outro dispositivo”, disse ele. “Precisamos de um período de silêncio”.
Na prática, a Coréia Popular andou realizando um período de silêncio que durou um mês, que só foi interrompido quando o presidente Trump realizou nova provocação, colocando o país em sua lista de falsos promotores de terrorismo e anunciou mais sanções.
A porta-voz da Casa Branca apressou-se, após a divulgação do teor da declaração de Tillerson, a dizer que Trump “mantinha suas idéias”. Em ocasião anterior, em que Tillerson se manifestara favorável a algum diálogo, Trump tuitou que ele deveria “poupar sua energia”, garantindo saber o que fazer contra o “homem foguete” Kim Jong Un.
Também o ex-alto funcionário do Departamento de Estado, e atual chefe para assuntos políticos da ONU, Jeffrey Feltman, ao voltar de visita a Pyongyang avaliou que suas conversações deixaram “a porta entreaberta”. Feltman é o funcionário da ONU de mais alto nível a visitar o país desde 2011 e se reuniu com o chanceler norte-coreano Ri Yong Ro e com o vice-ministro Pak Myong Guk. A visita de quatro dias foi considerada pelo próprio Feltman como “a missão mais importante que já desempenhei”.
Feltman prestou contas de sua visita a uma reunião fechada do Conselho de Segurança da ONU. “O tempo dirá qual foi o impacto das nossas discussões, mas acho que deixamos a porta entreaberta e espero fervorosamente que a porta para uma solução negociada seja aberta agora”. Ele acrescentou que a liderança coreana “precisa de tempo para digerir e considerar com responderão à nossa mensagem”.