Um dos milicianos presos no Distrito Federal (DF) por grilagem de terras, na quarta-feira (29), é tio de Michelle Bolsonaro, esposa de Jair Bolsonaro.
Policial militar da reserva, o sargento João Batista Firmo Ferreira foi preso na Operação Horus, que investiga milícias de PMs por crimes de loteamento irregular do solo, extorsão e homicídio em Sol Nascente, Ceilândia.
Firmo Ferreira é irmão da mãe de Michelle Bolsonaro, cuja família mora em Sol Nascente.
O pedido de prisão preventiva de João Batista foi expedido pela Auditoria Militar do Distrito Federal. O Ministério Público do Distrito Federal e a Polícia Civil cumpriram sete mandados de prisão e 15 mandados de busca e apreensão por meio da primeira fase da Operação Horus, que é acompanhada pela Corregedoria da PM.
As investigações começaram em 2011, na 19ª Delegacia de Polícia (P Norte), mas avançaram graças à participação de um colaborador, que integrou a quadrilha, e resolveu ajudar na apuração para receber o benefício da redução de pena. Ele detalhou o esquema criminoso para os policiais da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil.
Foi identificado, dentro da organização criminosa, um núcleo que atuava como braço armado para cometer crimes relacionados às invasões de terras – entre eles, ameaças e homicídios.
“Ao longo das investigações, percebeu-se que tal organização criminosa é composta por um núcleo de grileiros de terras e por outro de criminosos que atuam como braço armado no cometimento de toda sorte de delitos que circundam as invasões de terras, entre os quais ameaças e homicídios. Tais núcleos são auxiliados por um grupo de policiais militares, responsável por proteger e dar suporte a esses criminosos e comercializar parte dos terrenos esbulhados”, declarou o delegado Adriano Valente, diretor da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco) da polícia do Distrito Federal.
“As investigações”, informa a nota do Ministério Público, “se basearam, ainda, em informações contidas em Inquérito Policial Militar instaurado pelo Departamento de Controle e Correição da Polícia Militar do DF para apurar os mesmos fatos. O Gaeco [Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público/DF] já havia denunciado, no ano passado, os policiais pelo crime de organização criminosa”.
Com autorização judicial, as ligações telefônicas dos suspeitos foram interceptadas e as conversas revelaram a forma de atuação dos policiais militares que faziam grilagem em Sol Nascente.
Com a quebra de sigilo do tio da mulher de Bolsonaro, autorizada pela Justiça, foram identificadas transferências de dinheiro para outros membros da quadrilha, por exemplo, para o também “miliciano” Francisco Carlos da Silva Cardoso.
Firmo Ferreira passou para a reserva da Polícia Militar em 16 de janeiro de 2017, com o salário de R$ 8.227,68, fora os benefícios.
A OPERAÇÃO
Na Operação Horus foram presos sete sargentos que atuam ou já atuaram no 8º e no 10º Batalhão da Polícia Militar no DF, unidades responsáveis pelo policiamento ostensivo de Sol Nascente.
Além do tio de Michelle Bolsonaro, foram presos, e denunciados pelo Ministério Público do DF, os sargentos Jorge Alves dos Santos, Agnaldo Figueiredo de Assis, Francisco Carlos da Silva Cardoso, José Deli Pereira da Gama, Paulo Henrique da Silva e Jair Dias.
A operação esteve sob comando da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado, aos Crimes contra a Administração Pública e aos Crimes contra a Ordem Tributária (Cecor) para combater a grilagem de terras do Setor Habitacional Sol Nascente. O Ministério Público atua na ação por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Participa, também, da Operação Horus, a Corregedoria da PM do Distrito Federal.
A ação foi batizada de Horus – o deus do sol, segundo a mitologia egípcia. É uma referência ao Sol Nascente.
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Péssima redação do texto, fere as normas cultas de redação, o sujeito “tio da mulher do presidente, Michele Bolsonaro” aparece muitas vezes no texto. Qual o envolvimento de Michele com o possível crime de seu tio? Vcs não percebem que quanto mais vcs tocam no nome do presidente, mas fica consolidado os seus eleitores? A mídia tendenciosa vai se esvair por inanição, escrevam e vejam.
Mas, afinal, o sujeito era ou não tio da mulher de Bolsonaro?
Quer dizer que você não acha um problema a convivência, inclusive familiar, de quem ocupa a Presidência da República, com as milícias? (v. Bolsonaro e as milícias).
Quanto ao mais, você está errado. A expressão “tio da mulher do presidente, Michele Bolsonaro” não aparece, uma única vez, no texto. O que aparece é “tio da mulher de Bolsonaro” e “tio de Michelle Bolsonaro“. Lendo a nossa matéria, você também pode aprender que a mulher de Bolsonaro chama-se Michelle, com dois “eles”, e não Michele.
Mas não é nada disso o problema, até porque os robôs do Bolsonaro enviaram comentários desse tipo (“péssima redação do texto, fere as normas cultas de redação”) para todos os órgãos de imprensa que publicaram matérias informativas sobre o Chefe, inclusive, “O Globo” e “O Estado de S. Paulo”.
O problema é outro: é que o Bolsonaro está murchando entre seus próprios eleitores. O esperneio robotizado é cortina de fumaça.