
Aos gritos de “Morte aos Árabes”, dezenas de torcedores da torcida do Beitar que, em alusão à sua simpatia pela Máfia, se autodenomina La Famiglia, atacaram dois motoristas de ônibus em Jerusalém
Em mais uma demonstração de que o fascismo racista de grande parcela da população israelense se manifesta de forma cada vez mais explicita e perigosa, os torcedores do time de futebol declaradamente a favor da discriminação anti-árabe atacaram dois motoristas de ônibus que identificaram como árabes por seu sotaque.
O Beitar tinha acabado de perder a final da copa de futebol israelense para o time de origem trabalhista o Hapoel Beer Sheva, jogo que aconteceu no Estádio de Tel Aviv na quinta-feira (29).
Veja o vídeo com cenas da agressão:
Aos gritos de “Morte aos Árabes” e “Beitar” os agressores espancaram os motoristas depois de os identificarem como árabes após os motoristas responderem a perguntas dos torcedores. Acionada pelos motoristas, a polícia só chegou vinte minutos depois e não realizou nenhuma prisão.
Como de costume, em seu acobertamento de casos de agressão racista antiárabe, a Polícia israelense disse estar “investigando”.
Um dos motoristas árabes agredidos, Ahmad Kar’in, declarou ao jornal israelense Haaretz que estava dirigindo na rota regular e foi atacado quando chegou no ponto diante do Shopping Malha que fica próximo ao Estádio Teddy, em Jerusalém, onde torcedores do Beitar se reuniam para assistir, em telão, ao jogo no qual foram derrotados.
“Dezenas de torcedores do Beitar apareceram”, conta o motorista. “Eu os reconheci por suas camisetas. Elses perceberam que eu sou árabe ao falar comigo. Começaram a gritar “Morte aos Árabes”, me xingaram e atacaram. O número de torcedores foi aumentando durante a agressão”.
Kar’in disse que um colega motorista veio em seu socorro, mas também foi atacado.
“Só este colega estava lá para me defender. A polícia só chegou após 20 minutos e só então fui levado, com escoriações, para o Hospital em uma ambulância”, acrescentou o motorista.
“Eu estava com muito medo. Achava que não sairia do ataque com vida. Não é a primeira vez que motoristas são atacados, mas foi o mais brutal”, disse ainda Kar’in.
Sem insistir na punição dos agressores, o prefeito de Jeusalém, Moshe Leon, se limitou a declarar que a Polícia e o Ministério do Transporte devem “se dirigir a este fenômeno e proteger a segurança tanto de motoristas quanto de passageiros”.
A equipe Beitar tem origem na juventude fascista sionista de mesmo nome. Os beitaristas recebiam treinamento militar na Itália fascista e marchavam apoiando Hitler em seus primeiros anos de governo, desfilando na Alemanha e na Polônia em apoio ao nazismo.