O ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, é o alvo mais frequente dos requerimentos de convocação na CPMI do Golpe e poderá ser o primeiro a prestar depoimento.
Torres era muito próximo de Bolsonaro e foi flagrado pela Polícia Federal (PF) com planos para fraudar as eleições e impedir a posse de Lula. A PF encontrou em seu armário a minuta de um decreto para anular as eleições e manter Bolsonaro no poder, guardado em uma pasta com timbre do governo federal.
Foram apresentados 18 requerimentos para que ele seja convocado e deponha para os deputados e senadores.
No dia 8 de janeiro, quando os bolsonaristas tentaram dar um golpe de Estado, Anderson Torres era secretário de Segurança Pública do DF, mas ja havia viajado para os Estados Unidos, deixando a Secretaria acéfala, sem nenhum preparo para impedir a ofensiva golpista.
Quando era ministro da Justiça, Torres usou a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para atrapalhar a chegada de eleitores de Lula em seus locais de votação.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Golpe se reunirá nesta terça-feira (13) para discutir e votar os requerimentos de convocação de testemunhas e investigados e a liberação de documentos.
Segundo o Estadão, os membros da CPMI deverão aprovar a convocação de Anderson Torres e do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.
Heleno foi indicado por Bolsonaro para o GSI por sua proximidade ideológica e política, tendo como missão aparelhar o órgão e aproximá-lo do bolsonarismo.
No dia 8 de janeiro, alguns agentes nomeados por Augusto Heleno foram flagrados colaborando com os invasores e até entregando água para os criminosos.
Seu sucessor, o general Gonçalves Dias, aparece em 14 requerimentos. Ele pediu demissão do governo Lula depois da divulgação das imagens que mostram os agentes do GSI, ainda que indicados por Heleno, conversando com os terroristas.
A CPMI também vai discutir a convocação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
A PF encontrou no celular de Cid conversas sobre planos golpistas e a minuta de um decreto presidencial de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que usaria as Forças Armadas contra a democracia. As Forças Armadas não aceitaram o caminho do golpe e frustraram os planos da camarilha bolsonarista.
A relatora da CPMI, Eliziane Gama, disse que iria “trabalhar para ele [Mauro Cid] vir primeiro ou imediatamente após o ex-ministro da Justiça Anderson Torres”.
Eliziane produziu e aprovou, por 18 votos contra 12, seu plano de trabalho que começa a investigação com os fatos ocorridos antes do dia 8 de janeiro, com os incitadores e financiadores dos acampamentos golpistas.
Ela citou o ataque de bolsonaristas contra a sede da Polícia Federal, em 12 de dezembro, e a tentativa de explosão de uma bomba no Aeroporto de Brasília, no dia 24 do mesmo mês, como fatos cujas causas e responsáveis devem ser seriamente investigados.