Sete dos oito jurados militares do tribunal da Marinha dos EUA declararam que as torturas infligidas ao prisioneiro Majid Khan em Guantánamo “é fonte de vergonha para o governo dos Estados Unidos”.
A declaração conjunta dos oficiais em carta divulgada, no dia 1º, pelo jornal New York Times, surgiu depois do relato de torturas – incluindo afogamento em banheira com água gelada e estupro – perpetradas contra Majid Khan, prisioneiro por 11 anos na prisão de Guantánamo.
Khan leu um relato de 39 páginas diante do júri contando ainda que foi pendurado nu a uma viga na sala dos interrogatórios e submetido a fome e privação de sono.
Mesmo tendo admitido como prova a confissão de culpa – extraída nestas bárbaras circunstâncias – e condenado Khan a 26 anos de cárcere, os integrantes do júri militar firmaram a carta onde qualificam as torturas contra Khan de “uma mancha na fibra moral dos Estados Unidos” e pediram clemência ao prisioneiro que pelo tempo já detido deve ser solto em 2022.
Se os jurados forem atendidos, Majid Khan, que foi o primeiro prisioneiro a relatar torturas em Guantánamo diante de um Tribunal Militar norte-americano, deve ser indultado e solto de imediato.
De acordo com o veredicto do Tribunal Militar a que foi submetido, “Khan cometeu graves crimes contra os Estados Unidos e nações amigas, se declarou culpado e assumiu a responsabilidade por suas ações. Além disso, ele expressou remorso pelo impacto causado às vítimas e suas famílias”.
Entre as confissões de culpa assumidas por Khan, a de que atuou como porta-voz da Al Qaeda.
A carta dos oficiais, remetida ao responsável pela revisão do caso, considera ainda que as sevícias são “similares às torturas perpetradas pelos mais abusivos regimes na história moderna”.
“Tais vergonhosos abusos não tiveram qualquer valor prático em termos de inteligência ou qualquer outro benefício tangível aos interesses dos EUA”, acrescentam os militares.