
Depois do anúncio do ministro da Economia, Paulo Guedes, na semana passada, de que pretende apresentar um projeto que tira mais direitos dos trabalhadores, a declaração de Bolsonaro sobre o mesmo assunto, afirmando que são os trabalhadores que querem menos direitos, extrapola as raias do cinismo.
“O pessoal sempre fala em direito, direito, direito… E esquece deveres. O que eu tô sentindo por parte do trabalhador – não sou eu, é que eles querem… [Os trabalhadores] já falam: ‘Se for possível, menos direito e emprego”, disse em coletiva de imprensa em Pequim.
O plano apresentado pelo ministro de Bolsonaro prevê mais uma “flexibilização” das relações de trabalho nos primeiros dois anos de emprego, em que o patrão estaria dispensado de pagar a contribuição previdenciária ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), redução da multa rescisória, em caso de demissão sem justa causa, de 40% para 20%, e redução do percentual pago pela empresa ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Essa infâmia seria destinada aos jovens de até 29 anos e idosos que têm mais de 55. As medidas também atingiriam trabalhadores que estão sem emprego formal há mais de dois anos.
O projeto é mais um na esteira das medidas do governo de ataque aos trabalhadores para supostamente criar empregos – segundo dados do IBGE, o país tem hoje 12,6 milhões de desempregados -, e barrar a estagnação econômica nas costas dos trabalhadores, assim como a reforma da Previdência, que faz com que o trabalhador tenha que trabalhar mais para se aposentar com menos, e a medida provisória da “liberdade econômica” (MP 881), que retirou mais direitos dos trabalhadores.
“Tem um modelo com muitos direitos, mas poucos empregos. Podemos propor um novo com um pouco menos direitos no início e que vai gerar mais empregos, principalmente para os jovens que estão entrando no mercado de trabalho”, disse Guedes.
Segundo o secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, a medida será divulgada na próxima sexta-feira.