
Fazendeiros relatam que até 70% de seus trabalhadores, assustados com as deportações massivas, pararam de se apresentar ao trabalho, deixando grandes perdas para o setor
A política de deportações em massa do governo americano mostrou-se ser um verdadeiro tiro no pé quando a produção agrícola dos EUA foi interrompida e colheitas inteiras estão apodrecendo por não haver mais trabalhadores suficientes, na maioria imigrantes ilegais, para fazer as colheitas.
Frutas e verduras estão sendo deixadas para apodrecer nos campos por causa da perseguição de Trump contra trabalhadores imigrantes rurais que fazem manualmente a colheita.
Estados como a Califórnia, Pensilvânia e o Texas estão tendo problemas de falta de trabalhadores rurais. Uma indústria que gera bilhões de dólares anualmente para os EUA, eles se acomodaram a explorar uma força de trabalho de imigrantes ilegais que possuem poucos direitos e recebem baixos salários.
Representantes da indústria e fazendeiros relataram que até 70% de seus trabalhadores, assustados com as deportações, pararam de se apresentar ao trabalho, deixando grandes perdas financeiras para as indústrias do plantio, processamento de alimentos, dos frigoríficos e empacotamento de alimentos.
“Se 70% de sua força de trabalho não aparecer, 70% de sua safra não será colhida e pode estragar em um dia. A maioria dos americanos não quer fazer esse trabalho. A maioria dos agricultores aqui mal consegue empatar. Temo que isso tenha criado um ponto de inflexão em que muitos irão à falência,” disse Lisa Tate, fazendeira do condado de Ventura, na Califórnia. .
Os americanos, apesar de sua xenofobia contra imigrantes, na maioria vindos de países latinos, se tornaram completamente dependentes dessa força de trabalho manual composta em grande parte na exploração de trabalhadores em situação ilegal para manter suas indústrias funcionando.
Pressionado pelo desastre que sua política de deportações em massa causou, o presidente americano Donald Trump está agora defendendo dar um “passe temporário” para trabalhadores ilegais, para evitar o aprofundamento da crise que causou.
“É um problema. Você sabe, eu estou em ambos os lados da coisa. Eu sou o cara de imigração mais forte que já existiu, mas também sou o fazendeiro mais forte que já existiu, e isso inclui também hotéis e, você sabe, lugares onde as pessoas trabalham, um certo grupo de pessoas trabalha”, disse o presidente americano.
“Estamos trabalhando nisso agora. Vamos trabalhar para que, algum tipo de passe temporário, onde as pessoas paguem impostos, onde o agricultor possa ter um pouco de controle em vez de você entrar e levar todo mundo embora,” disse Trump e acrescentou que “os criminosos estão saindo deste país”.
Mesmo diante da possibilidade de uma profunda crise econômica e o colapso da agricultura e indústria americana, ele continua a ver o trabalhador imigrante, aquele que sai de seu país de origem em busca de emprego nos EUA como um criminoso imundo que deve ser perseguido a todo custo. Uma visão compartilhada pela maioria de seus eleitores incluindo fazendeiros e empresários que dependem dessa força de trabalho.