Trabalhadores da Avibras defendem aporte do governo federal para recuperação da empresa

Empresa fundada por engenheiros do ITA é uma das principais fornecedoras de insumos bélicos para a Defesa - Foto: Reprodução

Sindicato compara situação da maior indústria bélica do país com os investimentos realizados na Embraer; funcionários completam 32 meses sem receber salários

O Sindicato dos Trabalhadores da Avibras e representantes da empresa reuniram-se, na última semana, com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, em Brasília. A entidade sindical voltou a cobrar do governo federal uma solução urgente para reativar a fábrica e socorrer os funcionários, que estão há 32 meses sem receber salários.

O presidente do Sindicato, Weller Gonçalves, destacou a insatisfação dos trabalhadores com a demora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em apresentar uma saída para a retomada das atividades da Avibras, considerada a principal indústria bélica do país. 

A empresa está paralisada há mais de três anos e corre o risco de encerrar definitivamente suas operações caso não haja liberação de recursos por parte do governo federal.

Durante a reunião, que foi realizada na última quarta (26), os representantes da Avibras, Raul Ortúzar e Sami Hassuani, criticaram a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) por ter recuado na promessa de conceder um aporte financeiro para a recuperação da companhia. Em encontro anterior, o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, havia afirmado que buscaria alternativas de financiamento, mas, segundo a empresa, ainda não houve retorno.

Enquanto deputado, Guilherme Boulos foi autor do Projeto de Lei 2.957/2024, que propõe a estatização da Avibras.

Para a empresa e para parte do sindicato, essa seria uma das saídas para impedir o colapso da fábrica, preservar empregos e manter a capacidade industrial estratégica. O ministro comprometeu-se a encaminhar a situação ao presidente Lula e ao vice-presidente Geraldo Alckmin, a fim de acelerar as discussões internas ainda nesta semana.

A Avibras solicita R$ 300 milhões para retomar suas operações. Esse valor, segundo a direção, seria suficiente para reativar linhas de produção, pagar dívidas trabalhistas e garantir o início de projetos pendentes.

Ainda, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei complementar que autoriza a União a excluir até R$ 3 bilhões do limite de despesas do Executivo em 2025, desde que os valores sejam direcionados a projetos estratégicos de defesa.

Parte desse montante poderia ser destinada à recuperação da Avibras, conforme estimativas internas que apontam a necessidade de pelo menos R$ 300 milhões para a retomada das operações.

A empresa afirma que cumpriu uma das exigências do governo Lula para receber novos investimentos: a mudança no controle societário. O antigo proprietário, João Brasil Carvalho Leite, deixou o comando da companhia, porém, até o momento, os recursos continuam bloqueados.

INVESTIMENTOS

Enquanto a Avibras aguarda sinalização, outras empresas estratégicas vêm recebendo investimentos. Também na última semana, o BNDES liberou R$ 1 bilhão para a Embraer, financiando linhas de produção e vendas internacionais.

O sindicato da Avibras destacou que “não falta dinheiro público para a Embraer”, aumentando a pressão para que o governo dê a mesma atenção a empresas em situação crítica, segundo declaração da entidade durante a reunião.

Desde 2022, o Sindicato dos Trabalhadores da Avibras tem cobrado medidas urgentes para evitar o fechamento da empresa. Houve greves, pedidos de audiência, manifestações públicas e articulações com parlamentares. Para Weller Gonçalves, o governo precisa apresentar uma resposta definitiva, mesmo que seja negativa, para que os trabalhadores possam saber o que esperar daqui para frente.

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