
Em assembleia na quinta-feira (3), os trabalhadores da Eletronuclear lotados na base de Angra dos Reis (RJ) e na sede, no Rio de Janeiro, decidiram iniciar greve da categoria a partir de 8 de abril.
A categoria luta pelo pagamento da data-base, que, com um vencimento previsto para maio, completará o terceiro ano sem o reajuste.
O Sindicato dos Eletricitários de Angra e Paraty ainda denuncia que a empresa quer retirar instruções normativas que garantem 25 benefícios aos trabalhadores.
“A greve impactará o retorno da usina à operação, o que afetará a linha do Sistema Interligado Nacional e causará prejuízos à empresa. Cabe à Eletronuclear decidir se quer negociar ou absorver esse prejuízo. O sindicato sempre esteve aberto ao diálogo, desde que a empresa esteja disposta a negociar e não a impor condições”, disse o presidente do sindicato Cassio Tilico. Ao todo a empresa tem 1,8 mil funcionários.
“Já tentamos negociações com a empresa. Ela é autossuficiente e pode negociar, pois sobrevive da própria produção. No entanto, afirma que não pode pagar e usa como justificativa a situação de Angra 3. Não foi o trabalhador que fez pacto com o governo, mas a empresa. Se a obra de Angra 3 está parada, não se pode retirar receita de Angra 1 e 2 para pagar empréstimos. O trabalhador não pode ser penalizado por um investimento do governo”, destaca o sindicalista.
Ele esclarece que a Eletronuclear deve aos trabalhadores 6,76% referentes a 100% do IPCA de 2022, mais 3,69% do IPCA de 2023/2024. Esse percentual deveria ser aplicado sobre cada salário e benefício. “E nossa data-base vence agora em maio, ou seja, teremos um terceiro percentual a ser pago”, disse.
O sindicato também cobra que a comissão de representantes sindicais foi excluída da comissão de dispensa coletiva. “Agora, por exemplo, a empresa anunciou que vai demitir 90 pessoas, que já entrarão em aviso prévio”, afirmou.
A unidade da Eletronuclear em Angra dos Reis conta com 1.250 trabalhadores, e no Rio, com 550. “Os serviços destinados à Eletronuclear ficarão 90% suspensos, permanecendo apenas o funcionamento básico para manter a operação de Angra 2, com o efetivo mínimo exigido por lei e pelo estatuto da empresa”, explicou Tilico.
De acordo com a empresa, a greve não compromete a operação nem a segurança das usinas nucleares. Isso porque as atividades essenciais serão mantidas conforme previsto nos protocolos internos e nas normas regulatórias do setor.