Os trabalhadores das empresas BlueTech e 3C que produzem telefones celulares e outros dispositivos para a LG, em Caçapava, interior de São Paulo, realizaram, na manhã desta quarta (07), uma carreata em direção à Prefeitura para pedir apoio do governo municipal na manutenção dos empregos, após o anunciou de encerramento da produção dos aparelhos pela empresa sul-coreana.
Os trabalhadores da SunTech, localizada em São José dos Campos (SP), fizeram uma manifestação na porta da fábrica.
“Estamos chamando todos os prefeitos para fazer uma defesa dos empregos na região. Estamos passando por um processo de desindustrialização muito forte em uma região que é um polo tecnológico”, disse Weller Gonçalves, presidente do sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos, em entrevista ao Valor. Weller lembra ainda que a Ford anunciou sua saída da região e do pais em janeiro desse ano.
Os 430 funcionários das empresas BlueTech, SunTech e 3C, que fabricam celulares da LG, em regime terceirizado, seguem em greve, por tempo indeterminado.
Em reunião com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté (Sindimetau), representantes da empresa também afirmaram que há a intenção de interromper a produção de monitores e notebooks na fábrica de Taubaté (SP) e que produção desses itens será transferida para sua fábrica na Zona Franca de Manaus (AM).
Segundo Weller, a LG pede que os trabalhadores, 90% mulheres, voltem ao trabalho por dois meses. “A LG disse que, depois de dois meses, pagará as verbas rescisórias, mas isso é obrigatório”, disse Gonçalves, acrescentando que o sindicato deve se reunir com a empresa para discutir as condições dos desligamentos.
De acordo com o presidente do Sindimetau, Cláudio Gonçalves, onde cerca de 300 empregos estão ameaçados pela saída da empresa, neste momento a negociação com a empresa abrange 10 pontos, em temas como plano médico, PLR, indenização e qualificação profissional. “Vamos tentar construir um acordo para que possa ser apresentado para deliberação dos trabalhadores”, afirmou Cláudio.
Segundo o sindicalista, a LG disse que há possibilidade de realocação de trabalhadores de Taubaté para Manaus, mas não informou qual a quantidade.
A empresa citou ainda estudos para reativação da produção da linha branca na fábrica de Taubaté. Entretanto, essa operação depende da obtenção de incentivos fiscais e é avaliada para um cenário pós-pandemia.
As medidas da empresa afetam 430 postos de trabalho nas terceirizadas em Caçapava e São José dos Campos e outros 300 na produção de monitores, notebooks e desktops em Taubaté.