Os trabalhadores dos Correios lançaram uma campanha nacional contra a privatização da empresa, em defesa dos direitos da categoria e de seus empregos. A campanha tem como objetivo demonstrar a importância da estatal para o país e rebater as informações divulgadas pelo governo Bolsonaro de que a empresa traz prejuízos para o país, ou que “só entrega cartas”, como declarou nesta segunda-feira, 20, o secretário de privatizações de Bolsonaro, Salim Mattar, quando voltou a defender a privatização.
Veja abaixo o vídeo da campanha:
O secretário disse, em entrevista ao jornal da Record, que a empresa causa “prejuízo” para o país, e que os Correios, empresa de maior confiança dos brasileiros, segundo a pesquisa do Prêmio Marcas de Confiança, “perderam eficiência”.
No vídeo acima, divulgado esta semana, entidades de trabalhadores dos Correios rebatem as afirmações do governo, ressaltando que a empresa está presente em 5.570 municípios brasileiros, e realiza um serviço de notória importância, como “entrega de livros didáticos nas escolas públicas para crianças e adolescentes, entrega de remédios e vacinas em hospitais e postos de saúde, entrega de urnas eleitorais nos pleitos eleitorais de forma segura, garantindo o sigilo das informações, serviços bancários em mais de 2 mil municípios brasileiros, nos quais não existe correspondentes bancários”.
“É o maior distribuidor de mercadoria compradas pela internet, realizando entrega em lugares que outras empresas privadas não vão, e que muitas vezes contrata os próprios Correios para realizar suas entregas”.
“Por ser uma empresa pública consegue ter as menores taxas de serviços, garantindo a sua economia. Muitas mentiras estão sendo divulgadas para manchar a sua imagem, como a de que o Correio só dá prejuízos. Mas o que poucos sabem é que os Correios é uma empresa autossustentável que gera faturamento para cobrir seus custos e ainda gerar lucro para o governo”.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de SP e vice da Federação Interestadual (Findect), Elias Cesário (Diviza), a informação de que a empresa dá prejuízos ao país “é mentira do Bolsonaro”. “É exatamente o contrário. O Correio é uma empresa que dá lucro. Nos últimos dois anos a empresa deu lucro e repassou recursos para o governo”.
“Não só nos últimos anos, desde 1969, quando a empresa deixou de ser a ECT, os Correios não dão prejuízo. É uma empresa lucrativa. Com exceção dos dois anos de recessão em que a empresa teve dificuldades, o governo sempre retirou dinheiro dos lucros obtidos pela empresa”, explicou o dirigente sindical.
Para ele, a intenção de Bolsonaro sempre foi entregar todo o patrimônio do povo para o setor privado. “Eles querem é entregar os Correios para empresas privadas nacionais e multinacionais ligadas ao governo”, denunciou.
Em seus balanços financeiros dos últimos vinte anos a empresa registrou lucro em dezesseis anos consecutivos, chegando a marca de 15,8 bilhões de reais, em valores atualizados pelo IPC. E, apenas num lapso de tempo curto, teve contas no vermelho (2013, 2015 e 2016), tendo em 2014 obtido um resultado praticamente estável.
Além disso, o estatuto social dos Correios determina que no mínimo 25% dos lucros da empresa têm que ser transferidos para o Tesouro. Este repasse ocorre desde 1969. Com as empresas privadas no lugar dos Correios, o governo não vai receber mais recurso nenhum.
Atualmente, as empresas privadas estão presentes em apenas 340 cidades do país, atuando somente naquelas localidades que possam lhes trazer lucros.
“Sem esses serviços feitos pelos Correios a economia desses municípios vai declinar. A privatização será prejudicial, portanto, para toda a população e à economia do País”, alerta Diviza.
De acordo com o Sindicato, “cerca de 40 mil trabalhadores dos Correios correm o risco de ficar desempregado em 2021”. São mais 40 mil famílias afetadas pelo desemprego em massa que hoje atinge mais de 12 milhões de pessoas no país. Na tentativa de barrar o processo e evitar as demissões, os representantes dos trabalhadores estão mobilizando a categoria e conjunto da sociedade.
Diviza afirma que uma das ações será conversar com parlamentares sobre as perdas que a iniciativa do governo pode acarretar à sociedade e aos trabalhadores do setor. “Vamos esclarecer os deputados e senadores sobre os impactos da privatização, que pode jogar milhares de trabalhadores na rua da amargura”, ressalta.