Depois dos ferroviários ingleses, agora são os trabalhadores do setor de transporte da França que param exigindo reposição salarial
Os trabalhadores do setor de transporte da França realizaram, na segunda-feira (27), uma greve contra a carestia e pelo aumento dos salários. O protesto é parte de uma série de manifestações que estão crescendo nos países europeus devido ao aumento no custo de vida exacerbado como consequência das sanções impostas contra a Rússia.
A greve envolveu motoristas de ônibus, ambulâncias e caminhões, que pararam em toda a França para pressionar por negociações em torno de reposição salarial.
Na cidade de Orleans, a cerca de 120 km de Paris, os caminhoneiros bloquearam estradas próximas a um complexo industrial. Em maio, a inflação na França chegou a 5,2%, no acumulado de 12 meses, e é o maior índice desde 1985. As projeções são de que a França acabará o ano com uma inflação de 6,8%. Em toda a zona do Euro, a inflação chegou em média a 8,1% e é a maior já registrada.
O presidente da França, Emmanuel Macron, optou por submeter a França aos interesses dos Estados Unidos e apoiar as sanções contra a Rússia, mesmo com a forte dependência do gás natural e do petróleo vindos de lá.
Essa política, somada aos ataques a direitos trabalhistas e previdenciários fez com que ele perdesse a maioria absoluta no parlamento. O grupo de esquerda liderado por Jean-Luc Mélenchon, a Nova União Ecológica e Social Popular (NUPES), tornou-se a segunda maior bancada denunciando o arrocho neoliberal.
Com a paralisação, os trabalhadores do transporte da França exigem “um aumento salarial significativo e um 13º para todos”. A categoria aponta que os acordos firmados no começo do ano já não atendem a realidade das famílias francesas.
O secretário-geral da Federação Nacional dos Transportes e Logística da França, Patrice Clos, afirmou que “se não formos ouvidos, o governo deve saber que vamos levar a cabo ações mais longas a partir de outubro”.
Os sindicalistas reclamam que a categoria foi tratada como essencial durante a pandemia, mas agora é tida como descartável. No setor de logística, “as empresas faturaram 30% a mais durante a Covid e não há nada em termos salariais para os trabalhadores”.
No final de semana, os funcionários da companhia aérea Ryanair fizeram uma greve em todo o continente europeu, também exigindo aumento dos salários e melhores condições de trabalho.
Na próxima-sexta-feira (1), os que trabalham nos principais aeroportos de Paris poderão fazer uma greve. Os sindicatos franceses estão organizando uma greve nacional dos trens para o dia 6 de julho.
Em Paris, funcionários dos dois principais aeroportos da cidade sairão na sexta-feira.
As paralisações francessas seguem as dos trabalhadores do setor ferroviário da Inglaterra que, na semana passada, também realizaram uma greve de três dias. Os funcionários da British Airways do aeroporto de Heathrow, em Londres, programam uma greve para julho.