
Centrais sindicais denunciam que além do sufoco que causa aos trabalhadores, Milei investe contra o direito de greve
Milhares de pessoas se manifestaram no centro de Buenos Aires, nesta quinta-feira 22, em uma ampla Jornada Nacional de Luta em repudio às brutais medidas de arrocho e diminuição do orçamento da Educação, da Saúde Pública e outras questões sociais perpetradas por Milei através de um decreto, além do cancelamento do direito de greve. Os protestos foram organizados pela Confederação dos Trabalhadores da Educação (CTERA), pela Central de Trabalhadores da Argentina Autônoma e a Central de Trabalhadores da Argentina (CTA-A e CTA-T).
A reivindicação nas ruas ocorreu após os professores da Federação Nacional de Professores, Pesquisadores e Criadores Universitários (Conadu) encerraram uma greve de 48 horas nesta semana para exigir a reabertura das negociações salariais.
O protesto incluiu uma paralisação que afetou setores-chave como coleta de lixo, controles sanitários em portos e aeroportos, educação, mídia pública, transporte, imigração, entre outros. A Administração Nacional de Aviação Civil (ANAC) anunciou que apenas voos médicos e oficiais foram permitidos.
“Salários dignos”, “Livre negociação coletiva”, “Mais bolsas de estudo” e “Orçamento para a universidade” foram algumas das exigências que marcaram o dia desta quinta-feira, onde sindicatos junto com federações de educação uniram suas vozes para exigir respostas do governo.
TRABALHADORES REPUDIAM DESNACIONALIZAÇÃO E ARROCHO
A mobilização, que também contou com integrantes da Associação dos Trabalhadores no Estado (ATE), seguiu até o Ministério da Economia e reuniu servidores públicos, professores, aposentados e representantes de diversos setores que sofrem as consequências das políticas econômicas de arrocho e de desnacionalização da economia do país aplicadas pelo governo de Milei.
Os professores universitários e os funcionários dos hospitais e dos órgãos de saúde públicos receberam apenas um aumento salarial de 90,4% sob a administração de Milei, em comparação com uma taxa de inflação de 204,8% no mesmo período.
A esse respeito, Laura Carboni, secretária-geral do Sindicato dos Professores da Universidade de Buenos Aires, afirmou: “Com esse corte salarial, o governo está promovendo o esvaziamento das universidades públicas. Há um êxodo de professores que precisam buscar outros empregos para garantir suas condições de vida.”
MILEI CANCELA DIREITO DE GREVE
Ambas as CTAs alertaram sobre a política tentar enquadra o movimento sindical por meio de empregos precários e demissões, cancelando o direito de greve, reafirmando seu compromisso de permanecer nas ruas até que o governo nacional leve em consideração as demandas dos trabalhadores.
“Este governo quer nos fazer retroceder mais de um século em termos de direitos trabalhistas. Estão atacando o direito de greve porque é a nossa arma mais letal”, denunciou Rodolfo Aguiar, secretário-geral da ATE Nacional. O líder sindical ressaltou que a nova regulamentação é “ilegal e inconstitucional” e anunciou que o sindicato não a cumprirá.
A ATE também exige a reabertura dos acordos de negociação coletiva, a restituição dos fundos devidos às províncias, a reintegração dos trabalhadores demitidos, a rejeição da fusão de órgãos públicos e a oposição a novas privatizações. Segundo Aguiar, desde que Milei assumiu o cargo, os servidores públicos perderam mais de 50% do poder de compra, com aumento de 5,4% em comparação com uma inflação acumulada de 11,6% em 2025.
“Com este governo, o medo virou política de Estado. Eles querem que a gente tenha medo para não reagir. Com essa gente, o caminho não é o diálogo, é o confronto”, concluiu Aguiar, dando o tom para o que parece ser um conflito de longa data entre o governo e o movimento sindical.
Advogados trabalhistas como Matías Cremonte e Andrés Gil Domínguez alertaram que o decreto de Milei viola tratados internacionais e a Constituição Nacional. “É uma manobra para proibir a greve por meios administrativos”, disse Cremonte. Gil Domínguez foi mais longe: “O Supremo Tribunal está em silêncio, e a sua complacência causa danos irreparáveis ao Estado de Direito”.