O deputado Fábio Trad (PSD-MS) disse ao HP que “o impeachment é um imperativo ético, moral e de responsabilidade com o país” e que todos os partidos e lideranças que defendem a democracia “devem ter espaço, vez e voz na manifestação” do dia 2 de outubro.
Trad acredita que os democratas devem se unir pelo impeachment de Jair Bolsonaro, deixando toda a discussão sobre a disputa eleitoral para depois, e enfatizou que “não é momento de remoer o passado”.
“A prioridade agora é combater um governo hostil à democracia. O momento é de estabelecer a prioridade absoluta no combate ao governo autoritário do Bolsonaro. Depois, 2022, o tempo se encarrega de correlacionar as forças políticas”, afirmou.
“Eu não vejo como essa manifestação possa restringir ou impedir espaço para os partidos que têm comunhão com a democracia. Todos eles serão bem-vindos, na minha opinião”, continuou.
Fábio Trad participará da manifestação do dia 2 de outubro por vídeo, que deverá ser transmitido no palanque da Avenida Paulista. A organização do ato já conta com mais de 25 entidades e 15 partidos (Cidadania, Rede Sustentabilidade, DEM, MDB, PCdoB, PDT, PL, Podemos, PSB, PSD, PSDB, PSL, PSOL, PT e PV).
A expectativa do deputado é que a manifestação “tenha uma presença expressiva de pessoas e que esta presença traduza uma amplitude no arco de alianças de partidos de direita, como PSL e outros, até a esquerda”.
O Movimento Brasil Livre (MBL), que teve atuação no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, participou da última reunião para organizar a manifestação contra o governo Bolsonaro.
Para Trad, o grupo tem mostrado “maturidade” e a discussão entre os partidos sobre a amplitude que deve ter o ato “tem sido boa”.
O deputado acredita que as diversas falas e atitudes autoritárias de Jair Bolsonaro visavam o enfraquecimento das instituições democráticas, como o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Os ataques ao STF revelam que a estratégia é justamente essa: deixar o árbitro fraco – no caso, o Supremo. Sem o Supremo, nós vamos ficar vulneráveis e totalmente entregues ao poder imperial do presidente”, avaliou.
No dia 7 de setembro, por exemplo, Jair Bolsonaro anunciou que não iria respeitar as decisões do ministro Alexandre de Moraes. “Isso aí, para mim, não é nem o prenúncio do golpe, seria já o golpe verbalizado”, falou Trad.
Diante da enorme rejeição ao seu golpismo, tanto no Congresso Nacional quanto na sociedade, Jair Bolsonaro divulgou uma nota negando suas intenções golpistas.
Fábio Trad disse à Hora do Povo que não acredita nesse recuo e que o plano de Bolsonaro continua sendo dar um golpe. “Prevaleceu, ali, o instinto de sobrevivência política”, porque Bolsonaro percebeu “que se insistisse naquela postura perderia o mandato ou o cargo”.
A instabilidade causada por suas ameaças à democracia causam danos à economia e à sociedade, comentou. “Os limites já foram quebrados. Isso tudo traz insegurança política, insegurança jurídica. E o mercado é muito sensível a isso. Gera crise. E a crise econômica é inflação, fome, desemprego. Todos esses fatores nos levam a crer que não se trata mais de um caso isolado”.
“Isso vem desde 2019. Perdeu completamente o rumo e por isso eu penso que a crise se faz tão forte”, disse.
“Não há, na realidade, um presidente que governe, no sentido de coordenar todas as áreas de atuação do governo. Está solto”, concluiu.
PEDRO BIANCO