O presidente da Câmara de Comércio Brasil-Árabe, Rubens Hannun, alerta que a transferência de embaixada do Brasil, de Tel Aviv para Jerusalém, medida prevista por Bolsonaro em entrevista a um jornal israelense, pode trazer prejuízos econômicos para o Brasil. Segundo Hannun, com esta posição, “sensível aos países árabes, com grande fidelidade ao Brasil”, eles podem “riscar o Brasil de suas relações comerciais”.
“Os países árabes podem optar por comprar proteína animal a concorrentes”, a exemplo da Turquia, Austrália e Argentina, destaca Hannun.
Juntos, os países árabes são o segundo maior comprador de proteína animal brasileira. Em 2017, as exportações do Brasil somaram US$13,5 bilhões e o superávit para o nosso país foi de US$ 7,17 bilhões. Juntos os países árabes são o maior comprador de carne brasileira, ocupam 5,3% de toda a nossa pauta exportadora.
Já Israel compra 0,14% da pauta com 256 milhões de dólares, país com o qual já temos um déficit de 419 milhões.
O jornal israelense Israel Hayom (Israel Hoje) publicou uma entrevista com Bolsonaro, na qual ele diz dessa pretensão de transferir a embaixada do Brasil, em Israel, uma declaração que, até mesmo para um jornal assumidamente sionista, revelou-se espantosa, o que o jornal demonstra no preâmbulo da entrevista ao classificar o “status de Jerusalém” como “um dos mais espinhosos obstáculos a uma negociação de paz entre Israel e os palestinos”.
Não é para menos, pois a intenção manifestada por Bolsonaro vai contra toda a comunidade internacional, isola o nosso país e, se adotada, trará graves prejuízos não apenas aos palestinos e à luta pela paz no Oriente Médio, mas políticos e econômicos ao Brasil, como vimos acima.
Além da transferência de embaixada, na mesma entrevista, ameaça ainda fechar a embaixada da Palestina no Brasil, um movimento contrário a grande maioria dos países do mundo. Além de reconhecida pela ONU como membro observador, tem missões diplomáticas em 103 países, enquanto, bem mais isolada por sua política de agressão aos palestinos, Israel tem 78 missões (fonte: jornal israelense Yediot Achronot – Últimas Notícias, 23/03/2017).
O Brasil foi pioneiro na América Latina e estabeleceu relações diplomáticas com a Palestina (através de seu representante, a OLP) em 1975, durante o governo de Ernesto Geisel. O Itamaraty, solidário com os direitos dos palestinos, reconheceram inclusive que os palestinos poderiam – através da representação no Brasil – evoluir para um reconhecimento dentro da América do Sul.
Realmente, a proposta de Bolsonaro além de se chocar com a tradição diplomática brasileira – que se destacou em missões de paz no Oriente Médio, como a do Canal de Suez após a Guerra de 1956, no Sinai e, hoje, comandando uma missão naval de paz, sob os auspícios da ONU, nas costas libanesas – isola o Brasil por uma série de razões.
A primeira delas é por se chocar com o consenso mundial que afirma, desde a partilha, primeiro ato internacional da ONU, logo após a Segunda Guerra, criando os Estados de Israel e da Palestina, que Jerusalém ficaria como cidade sob tutela internacional devido à sua condição de cidade sagrada para as três maiores religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo. A parte árabe de Jerusalém, só foi ocupada em 1967, mas logra permanecer árabe-palestina, em termos populacionais e habitacionais, desde então.
ONU CONDENA ANEXAÇÃO DE JERUSALÉM
A questão da anexação é tão delicada e isolada mundialmente que até os israelenses só ousaram, através de uma “Lei Básica” aprovar sua anexação 13 anos depois de ocupar os territórios palestinos e isso sob o governo direitista do premiê que antes se destacara por suas ações terroristas, Menachem Begin – com participações na explosão do hotel King David, em Jesualém, quanto no massacre de Deir Yassin, o mais hediondo dos massacres de palestinos durante a limpeza étnica para a implantação do Estado de Israel, do qual Begin manifesta-se orgulhoso em seu livro The Revolt (fonte: A Limpeza Étnica da Palestina, Pappe Ilan, pag. 308).
Assim que Israel tomou a medida sobre Jeusalém, o Conselho de Segurança da ONU votou a resolução 478 condenando a decisão. Nem os Estados Unidos, que tradicional e isoladamente costumam votar com Israel se sentiu capaz de votar contra a resolução, sendo o único país a se abster, os demais 14 do CS da ONU votaram a Resolução.
A Resolução 478 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de 20 de agosto de 1980, estabelece que a chamada Lei Básica de Jerusalém, a tornando “capital de Israel”, aprovada em 30 de julho de 1980 pelo parlamento israelense, é nula de efeitos, pois constitui uma clara oposição à Resolução 476 de alguns meses antes, do mesmo Conselho de Segurança, que já afirmava que “quaisquer medidas de caráter legislativo e administrativo que tenha tomado Israel, a potência ocupante, com vias alterar o caráter e o status da Cidade Santa de Jerusalém, carecem de validade jurídica e constituem violação manifesta da Convenção de Genebra, relativa a proteção de pessoas civis em tempo de guerra”.
O texto da Resolução 478 diz, ainda, que a Lei de Jerusalém é uma violação do direito internacional e afeta a Quarta Convenção de Genebra de 1949 que trata, como dito acima, dos crimes de guerra perpetrados por potências ocupantes.
Portanto, a declaração de Bolsonaro, ao jornal Israel Hayom, de que “Israel é soberano para determinar onde vai ser sua capital”, é uma falácia, pois não tem nada de soberana a anexação por via de guerra de territórios estrangeiros, assim como a expulsão ou transferência forçada de pessoas que vivem nos territórios ocupados por parte da potência ocupante. Aliás, como podemos observar e como alerta a ONU, é exatamente o contrário, a anexação se trata de crimes de guerra e ainda por cima, violação de acordos que o próprio Israel assinou.
Israel, em mais de uma vez, desobedeceu a ONU, violando resolução a respeito de Jerusalém de números (252, de 1968, um ano após a ocupação, 267, de 1969, além das de números 271, 298 e 465) e contraria os movimentos estabelecidos pouco antes da lei de Jerusalém, nos Acordos de Oslo firmados entre Rabin, assassinado por israelense na praça que hoje leva o seu nome, em Tel Aviv e o líder palestino Arafat, que previam a retirada israelense para a viabilização do Estado Palestino lado a lado com o de Israel.
Bolsonaro tem afirmado que se inspira em Trump sobre a questão, medida desastrosa condenada pelo mundo inteiro e que até agora só o governo subserviente da Guatemala acompanhou.
REPÚDIO MUNDIAL
Tanto assim que logo que Trump resolveu mover a embaixada a Jerusalém, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução condenando a medida por 14 votos a um e somente o próprio EUA a rejeitou. Como é um dos países que tem poder de veto no Conselho de Segurança, a questão foi levada à Assembleia Geral da ONU e, mesmo com intensa pressão norte-americana, a condenação aos Estados Unidos pelo movimento que premia a ilegal ocupação israelense (rechaçada pelas resoluções 242 e 338 da ONU), foi aprovada por 128 votos contra nove (35 abstensões). Trump ficou revoltado com a condenação e disse: “deixe-os votar contra nós, vamos economizar muito”. A apoplética representante dos EUA à época, Nick Haley, disse que estava “anotando os nomes dos votantes”.
Entre as muitas condenações internacionais, o movimento norte-americano foi repudiado pelo papa Francisco, China, Rússia, Turquia e Liga Árabe além da União Europeia, incluindo manifestações claras da França, Inglaterra e Alemanha.
O presidente francês, Emannuel Macron, chamou a ação de “contrária ao direito internacional e perigosa para a paz mundial”, o chanceler alemão Sigmar Gabriel denunciou-a por “exacerbar ainda mais os conflitos” e a primeira-ministra inglesa Theresa May declarou “não ter planos de mudar a embaixada de Tel Aviv” e que “Jerusalém Oriental é parte dos territórios palestinos ocupados”.
Durante a votação na Assembléia Geral da ONU, contra a transferência anunciada por Trump, diversos oradores reiteraram que apenas uma solução de dois Estados e o respeito às fronteiras de 1967 podem ser a base para uma paz duradoura entre Israel e Palestina.
E é exatamente pelo não reconhecimento da anexação de Jerusalém por Israel que nenhum país tem instalada (até a decisão de Trump) embaixada em Jerusalém.
Como afirmou o chanceler Davutoglu, o representante da Turquia, país que propôs a condenação, “a recente decisão de um Estado membro da ONU de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel viola o direito internacional, incluindo todas as resoluções relevantes da ONU. Esta decisão é um assalto ultrajante a todos os valores universais”.
TRADIÇÃO BRASILEIRA
A questão é ainda mais grave em se tratando da posição brasileira. O Brasil, por sua postura tradicional pela paz, sem conflito com países fronteiriços, ou separatistas de qualquer natureza tradição manifesta em várias intervenções na solução de conflitos e em defesa da soberania dos povos e, em especial pela participação na luta contra o nazismo e o fascismo na Europa durante a Segunda Guerra – o único país da América Latina a participar, com efetivo militar, da luta ao lado dos aliados – teve o destacado privilégio de abrir todas as Assembleias Gerais da ONU.
Na resolução da partilha, foi um brasileiro, Oswaldo Aranha, quem presidiu a sessão. Nossa responsabilidade histórica para com a solução do conflito Israel-Palestina não é pequena, portanto.
Como disse, em entrevista concedida à France Presse, a acadêmica palestina Hanan Ashrawi, dirigente da OLP que liderou a missão palestina para os entendimentos de Madri, que precederam os Acordos de Oslo, primeira mulher a ser eleita para o Conselho Legislativo Palestino: “Trata-se de uma medida provocadora, que é ilegal diante do direito internacional e que não faz nada mais que desestabilizar a região, tornando-a mais insegura. Está no contexto de uma aliança contra o Direito Internacional”.
NATHANIEL BRAIA
Texto sensacional!
O Brasil vai prosperar ao abençoar Jerusalém, se Deus estiver do nosso lado não adianta ameaça Árabe e nem da mídia, iremos em frente, pois é promessa de Deus Jerusalém ser capital de Israel.
Não. Deus nunca está do lado dos injustos, dos que assassinam, dos que torturam, dos que roubam, dos que ocupam a terra alheia. Da mesma forma, Deus não está contra o Brasil. Você deve estar confundindo Deus com Lúcifer. Compreendemos a confusão, mas não podemos deixar de esclarecê-la.
Não. É a promessa de uma ideologia atéia, laica, pseudonacionalista e avessa a qualquer sentimento de espiritualidade.
Desgraçadamente o Brasil será governado (ainda que por pouco tempo), sob a égide da mais insana ideologia política já concebida. O Sionismo desacraliza o Antigo Testamento fazendo uma leitura laica que nega a essência espiritual, motivo pelo qual é rechaçado pelos judeus religiosos, e abraçada justo pelos judeus laicos e ateus. Despreza todas as mensagens de amor, paz e esperança dos Salmos, e se dedica exclusivamente a interpretar literalmente e venerar os massacres promovidos pelos israelitas no Deuterônomio, Josué e Juízes contra os povos que invadiram, justificando toda forma de genocídio e crueldade em nome de uma ideologia pseudo nacionalista.
Ainda pior são os que pensam ser cristãos mas apoiam um regime que despreza a figura de Cristo, diferente do Islam, que mesmo não o considerando Filho de Deus, ao menos o considera um profeta santo. Esses falsos cristãos cospem no Evangelho e abraçam justo a dispensação que foi superada pelo Novo Testamento, apoiando um país que é a Babilônia do Oriente Médio, repleto de Paradas Gays, Ideologia de Gênero e toda sorte de promiscuidade.
Não pode haver ignorância mais brutal e pior corrupção da fé.