
Jair Bolsonaro discursou, aos gritos e falando palavrões, para empresários e disse que “podemos ter outra crise” com “eleições conturbadas”, caso haja “suspeição de que elas não foram limpas”.
Ele faz isso depois de afirmar dezenas de vezes, mas sem apresentar nenhuma prova, que as eleições de 2014 e 2018 foram fraudadas e que as urnas eletrônicas não são confiáveis, contrariando o que dizem todos os especialistas.
“Mas tudo pode acontecer. Podemos ter outra crise. Podemos ter umas eleições conturbadas. Imagine acabarmos as eleições e pairar, para um lado ou pro outro, a suspeição de que elas não foram limpas? Não queremos isso”, disse, sempre gritando “merda” e terminando suas frases com “porra!”.
Ele participou, na segunda-feira (16), da abertura da 36ª Edição da Associação Paulista de Supermercados (APAS) Show. Aos empresários, falou que entende como “liberdade de expressão” seus apoiadores que carregam faixas pedindo um novo AI-5 ou um golpe de estado.
Em tom irônico, chamou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de “inexpugnável”.
Bolsonaro falou que as Forças Armadas “levantaram mais de 600 vulnerabilidades” das urnas eletrônicas, o que já foi mostrado como mentira pelo TSE. As dúvidas apontadas pelas Forças Armadas foram todas respondidas pela Corte Eleitoral. Inúmeros testes têm sido feitos pelo TSE comprovando que a urna é inexpugnável.
“A arquitetura de segurança da urna eletrônica, combinada com as exigências de cadeia de produção e demais avaliações feitas pela equipe do TSE durante o planejamento da produção, garantem que haja segurança nas urnas produzidas independentemente do fornecedor dos componentes eletrônicos e independente da contratada, que projeta e integra a urna eletrônica”, afirmou a área técnica do Tribunal.
Segundo Jair Bolsonaro, “o que tentaram nos roubar em 64, tentam nos roubar agora. Lá atrás pelas armas, hoje pelas canetas”.
“A liberdade é mais importante que a nossa própria vida. Em mais da metade do meu tempo eu me viro contra processos. Ainda falam que eu vou ser preso. Por Deus que está no céu, eu nunca serei preso. Não tô dando recado para ninguém”, continuou suas aluncinações.
O evento contou com a presença e participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, do ex-ministro da Infraestrutura e pré-candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio Freitas, e do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.
A abertura foi transmitida oficialmente pelo Planalto.
BOLSONARO ADMITE QUE POVO VIVIA MELHOR COM LULA
Em conversa com seus apoiadores em frente ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro reconheceu (a contragosto) que os brasileiros viviam melhor antes de que em seu governo, mas colocou a culpa na pandemia, na guerra e em “outros problemas”. Tudo e todos têm culpa, menos ele.
“Falaram ‘no tempo dele, o povo vivia um pouco melhor do que hoje’. É lógico que vivia, concordo! Temos um pós-pandemia, do ‘fique em casa’, economia a gente vê depois, uma guerra, entre outros problemas”, disse.
“Mas lá atrás, se se vivia melhor, poderia ter vivido muito, mas muito melhor ainda se não tivesse roubado tanto”, escamoteou.
Para Bolsonaro, o presidente da República não tem nenhuma culpa na maior inflação desde o plano real, na fome ter atingido 19 milhões de pessoas ou qualquer outra questão econômica.
Ele não comentou o fato de que o Brasil tem uma das maiores taxas de morte por milhão de habitantes do mundo por Covid-19, visto que ele sabotou todas as medidas de quarentena e até hoje tenta atrapalhar a vacinação com fake news.
Se o distanciamento social é o culpado pela inflação, Bolsonaro não disse quem é o culpado por mais de 665 mil mortes pelo coronavírus.