“A descontinuação de cortes na taxa Selic e as mudanças no câmbio abalaram a confiança dos empresários industriais”, aponta pesquisa da entidade
O índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) registrou recuo no mês de julho, o que sinaliza que o empresariado está descontente com “a descontinuação de cortes na taxa Selic e as mudanças no câmbio”, avalia a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“A descontinuação de cortes na taxa Selic e as mudanças no câmbio são pontos que, certamente, abalaram a confiança dos empresários industriais”, afirmou o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo. “Ao analisar os componentes do ICEI, vemos com clareza que a queda foi causada pela avaliação dos empresários sobre a economia brasileira, tanto atualmente quanto para os próximos meses”, completou.
Em julho, o ICEI, de responsabilidade da CNI, recuou de 51,4 pontos para 50,1 pontos – aproximando-se ainda mais da linha divisória de 50 pontos. Quando a pontuação está acima da margem de 50 pontos, isto indica estado de confiança. Abaixo da divisória de 50 pontos, estado de desconfiança.
O resultado de julho é o menor índice de confiança registrado pela indústria desde maio de 2023, quando foi registrado 49,2 pontos. A pesquisa ouviu 1.271 indústrias por todo país, entre os dias 1º e 5 de julho.
Segundo a CNI, o Índice de Condições Atuais recuou 1,8 ponto para 44,4 pontos, refletindo os resultados dos indicadores de condições atuais relativa à empresa e índice relativo à economia brasileira, que recuaram 0,7 ponto (saiu de 48,5 para 47,8) e recuou quatro pontos (de 41,6 pontos para 37,6 pontos), respectivamente. Já o Índice de Expectativas também recuou, com queda de 1,1 ponto, para 52,9 pontos.
Em junho deste ano, o Copom do Banco Central (BC) decidiu paralisar o ciclo de corte – a conta-gotas – da taxa básica de juros (Selic), estacionando-a em 10,5% ao ano. Desde o primeiro corte na taxa nominal (em agosto de 2023, quando a taxa estava em 13,5%) até agora, a taxa de juro real, quando descontada a inflação, pouco caiu e continuou variando entre a 1º e a 2ª colocação dos países que mais cobram juros reais no planeta.
Com a redução das expectativas de inflação futura de 4,02% para 4% – conforme Relatório de Mercado Focus do BC-, a taxa de juro real voltou a subir na última segunda-feira, saiu de 6,23% para 6,5% – algo que é altamente lesivo às empresas e famílias, por restringir os investimentos e o consumo, além da geração de novos empregos no país.
Para os bancos e instituições financeiras, o ano de 2024 deve encerrar com a Selic em 10,5% ao ano – sendo metade deles apostando em juros ainda maiores. Em meio ao atual baixo nível de inflação, o mercado financeiro agita as especulações do câmbio e previsões alarmistas de descontrole fiscal, com o fim de manter seus altos ganhos com os juros da dívida pública, que nos últimos 12 meses até maio superou a soma dos R$ 700 bilhões.