Após a demissão de três ministros por escândalos vários, surra no parlamento – que decidiu que acordo final com UE terá de ir a votação – e sob pressão de Bruxelas para realizar um Brexit a la carte, a primeira-ministra inglesa Theresa May se decidiu por maquiar seu gabinete, para que tudo fique como está enquanto não fica pior.
Entre as mais ridículas demissões, está a do então vice-primeiro-ministro Damian Green, forçado a renunciar por declarações enganosas que fez sobre a pornografia encontrada em seu computador. Aliás, as agências confirmaram no ano passado mais de 24 mil “tentativas de acessar” sites pornô a partir de computadores do parlamento.
O troca-troca manteve os ministros mais importantes, o das Relações Exteriores, Boris Johnson, o das Finanças, Philipp Hammond, o secretário da Brexit, David Davis, e o secretário do Interior, Amber Rudd.
Com base no resultado desastroso dos Tories nas eleições do ano passado e na violação de segurança na conferência do partido de outubro em que um manifestante interrompeu o discurso de May, seu mandato não foi exatamente considerado um sucesso.
A pantomina seguiu com a nomeação de Chris Grayling para ministro dos Transportes, que durou 27 segundos até ser removida da página dos conservadores. Até prova em contrário, o ministro será Brandon Lewis, anteriormente ministro da imigração. Justine Greening renunciou como ministro da Educação depois que rejeitou a ida para o Trabalho e Previdência.
Esperava-se que a nomeação mais aguardada e intrigante fosse a de “Ministro sem acordo” [com a UE], comentou o Guardian. O que mostra a fé que tanto tem o ministro David Davis na Brexit e que, apesar dos protestos em contrário, o governo está antevendo seriamente um cenário no qual o Reino Unido deixa a UE sem nenhum acordo. Mas o que tira o sono de May e seus pares mesmo é o destino da City londrina, isto é, da especulação baseada no Tâmisa.