Forças de paz da ONU estacionadas no sul do Líbano acusam Israel de disparar em uma de suas patrulhas
Em um comunicado no domingo (16) a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil) informou que tropas israelenses dispararam desde um tanque Merkava contra seus soldados, que estavam em patrulha a pé e foram forçados a se proteger após intensos tiros de metralhadora atingirem aproximadamente cinco metros de sua posição. Nenhum soldado de paz da ONU ficou ferido.
A força de manutenção da paz descreveu o incidente como uma “grave violação” da Resolução 1701, que resultou de um acordo de armistício entre Israel e Líbano, aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU. A força das Nações Unidas ressaltou que não foi o primeiro ataque desse tipo.
Israel não negou os disparos, que atribui às “más condições climáticas” no local.
A Unifil, que opera no Líbano desde março de 1978, instou mais uma vez as IDF “a cessar qualquer comportamento agressivo e ataques contra ou próximos a forças de paz, que estão trabalhando para apoiar o retorno à estabilidade que tanto Israel quanto o Líbano dizem buscar”.
A porta-voz da Unifil, Candice Ardiel, confirmou ao portal libanês Al Mayadeen que as forças genocidas israelenses estavam cientes da patrulha dos capacetes azuis na área onde ocorreu o incidente de domingo.
Ardiel disse que a Unifil informou tanto o Exército Libanês quanto as forças armadas de ocupação com antecedência sobre o movimento planejado da patrulha na manhã de domingo, como parte dos procedimentos padrão de coordenação voltados a evitar atritos ao longo da fronteira libanêsa-israelense.
Na sexta-feira, a Unifil havia emitido um outro comunicado condenando a construção em andamento de um muro de fronteira israelense dentro do território libanês, que cruza a Linha Azul estabelecida pela ONU. A força de paz afirmou que essa interpretação viola a Resolução 1701 e constitui uma violação da soberania e integridade territorial do Líbano. O governo também denuncia a construção do muro lesivo aos libaneses.
Na versão dos invasores de terra libanesa, seus soldados identificaram “dois suspeitos” na área de El Hamames e dispararam tiros de advertência, após os quais os indivíduos se retiraram, sem relatos de feridos.
Após analisar o incidente, o exército israelense alegou que “soldados da ONU que realizavam patrulha na área e foram classificados como suspeitos devido às más condições climáticas”. E asseverou que “nenhum fogo deliberado foi direcionado aos soldados da UNIFIL.”
Também o Exército Libanês condenou o recente ataque israelense contra os capacetes azuis da Unifil no sul do Líbano, acusando Israel de obstruir o desdobramento de suas próprias forças na região e de minar deliberadamente a estabilidade.
Em um comunicato divulgado no domingo, o Comando do Exército afirmou que está trabalhando com “países amigos” para pôr “fim às violações cometidas pelo inimigo israelense” após o ataque à força internacional de manutenção da paz.
O Exército acusou Israel de persistir em suas “violações da soberania libanesa”, que, segundo ele, causam desestabilização. A empresa ainda afirmou que essas ações estão impedindo o desdobramento total das tropas libanesas no sul, citando o “último ataque condenado”, que envolveu o ataque a uma patrulha da Unifil.
A declaração enfatizou a necessidade urgente de “interromper as violações e brechas contínuas pelo inimigo”, alertando que elas representam uma escalada perigosa que requer ação imediata.
Israel já invadiu o Líbano seis vezes, a primeira delas em 1982, que ficou marcada pelo infame massacre de Sabra e Chatila, ocupação que durou 18 anos, até ser expulso pela resistência comandada pelo Hezbollah. Em 2006, fez uma segunda grande incursão, também barrada pela Resistência Libanesa.
Atualmente está em vigor um cessar-fogo, depois de dois anos de confrontos na fronteira e de solidariedade libanesa aos palestinos vítimas do genocídio em Gaza. Esse cessar-fogo, que entrou em vigor em novembro do ano passado, ainda está longe de ser respeitado por Israel, que seguidamente perpetra bombardeios aéreos e mantém tropas em solo libanês, quando deveria ter se retirado em 26 de janeiro, além de realizar frequenstes execuções extra-judiciais.











