O anúncio de corte nos vale-alimentação (Food Stamps) de 750 mil estadunidenses de baixa renda provocou uma enxurrada de protestos contra o governo Trump, com dezenas de milhares de especialistas, ativistas ou simples cidadãos alertando para o crescimento da fome e da miséria entre os já excluídos.
Como se sabe, isso ocorre no país que dilapida US$ 716 bilhões no Orçamento do Pentágono e o governo Trump doou mais de US$ 1 trilhão em 10 anos para grandes empresas e bilionários, através do corte de impostos.
Em carta ao ministro da Agricultura, Sonny Perdue, os democratas da Câmara exigiram a retirada imediatamente da proposta, uma vez que os beneficiários do Programa de Assistência Nacional Suplementar (SNAP) são os mais vulneráveis do país. Destes, alertam os parlamentares estadunidenses, “quase 20 milhões são crianças, cerca de 5 milhões são idosos de baixa renda e 1,5 milhão são veteranos militares”.
“Este é um ataque direto aos mais vulneráveis entre nós, e essa violência política não pode passar sem ser contestada”, sintetizou o reverendo William Barber, dirigente da Campanha Nacional dos Pobres, para quem a proposta “é uma tentativa imoral e extremista de ferir os mais necessitados”.
As novas regras do SNAP – que conforme Trump devem entrar em vigor no final deste ano – determinam a suspensão dos bônus-alimentação depois de três meses para os adultos fisicamente aptos sem dependentes “que não trabalhassem, fossem voluntários ou recebessem treinamento profissional por pelo menos 20 horas por semana”. O problema, explica a oposição, é que a maioria dos beneficiados pelo programa já trabalha e estabelecer mais barreiras à assistência nutricional seria desumano.
Na avaliação do vice-presidente do Grupo de Trabalho Ambiental, Scott Faber, os mais de 30 mil comentários na página do Ministério da Agricultura “deixam claro que a maioria dos americanos não apenas se opõe, mas é totalmente contrária a este plano que pune os mais pobres ao negar-lhes ajuda para se alimentarem”. “Em vez de fazer com que os norte-americanos já em dificuldades sofram ainda mais, conclamamos o presidente Trump a cortar o fluxo de dinheiro dos contribuintes que vai como subsídio para as gordas contas bancárias dos milionários”, acrescentou.
“Milhões de adultos e famílias dependem do SNAP, então precisamos manter este programa em vez de desperdiçamos bilhões de dólares com forças armadas inchadas e na construção de um muro patético. Isso representa um insulto à alma da América e uma agressão ao mundo civilizado”, escreveu um comentarista do Arkansas, rebatendo Trump. E completou: “você não tem humanidade?”.
“No país mais rico do mundo ninguém deve passar fome. Não devemos permitir isso. É cruel. É antiamericano. Cortar impostos para os ricos e deixar os outros passarem fome é incrivelmente cruel. Por favor, não interrompa esse programa”, disse outro.
O Centro para o Progresso Americano observou na campanha Tirem as Mãos dos bônus-alimentação (Hands Off SNAP) que “a regra proposta por Trump surge quando celebramos o aniversário de um ano de sua lei tributária – que deu mais incentivos fiscais ao 1% mais rico do que todos os custos do Programa de Assistência Nacional Suplementar”.
“Uma mãe solteira criando dois filhos depende deste bônus para garantir que seus filhos tenham comida na mesa. Essa proposta de Trump colocaria milhares de famílias comuns em risco e não podemos deixa isso acontecer”, concluiu a deputada Bárbara Lee.