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Donald Trump lembrou na sexta-feira (21), que antes mesmo dele assumir o cargo, Zelensky ofereceu recursos naturais da Ucrânia no valor de trilhões de dólares ao Ocidente como parte de seu “plano de vitória” no conflito com a Rússia, que ele apresentou ao Verkhovna Rada (parlamento ucraniano), em outubro de 2024.
Descrevendo sua iniciativa de cinco pontos, Zelensky havia então enfatizado os “recursos naturais, e em particular metais essenciais no valor de trilhões de dólares norte-americanos, que estão concentrados na Ucrânia”.
“Em particular, trata-se de urânio, titânio, lítio, grafite e outros recursos estrategicamente valiosos que fortalecerão ou a Rússia e seus aliados ou a Ucrânia e o mundo democrático na competição global”, destacou ele em seu discurso no parlamento, deixando entendido que pretendia entregar as riquezas em troca do dinheiro de Washington.
Agora, Trump se aproveita do oferecimento de Zelensky e está ameaçando o subalterno para que entregue rápido as riquezas minerais da Ucrânia aos EUA, sob pena de enfrentar sérias “consequências” se não o fizer.
“Vamos assinar o acordo, ou haverá muitos problemas, de forma que vamos assinar o acordo para conseguir segurança”, insistiu Trump, referindo-se ao pacto que deseja firmar com Kiev para que os EUA obtenham acesso aos vastos recursos naturais ucranianos. Ou seja, um pacto em que Zelensky entrega o pescoço da Ucrânia e Trump fornece apenas a corda.
E não foi só retórica. Autoridades dos EUA alertaram que podem cortar o uso do sistema de internet via satélite Starlink de Elon Musk na Ucrânia se Kiev não conceder acesso às suas reservas minerais raras, relatou a agência Reuters, citando três fontes familiarizadas com o assunto.
A questão foi levantada durante negociações entre autoridades ucranianas e americanas depois que Zelensky teria rejeitado uma proposta inicial do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disseram fontes à agência sob condição de anonimato.
Desde o início do conflito na Ucrânia, Musk fornece a Kiev seu serviço de internet via satélite, que foi descrito como o “principal” ou “único” sistema de comunicação para os militares ucranianos. As forças ucranianas têm usado o Starlink desde o início do conflito para comunicações militares, navegação por drones, embarcações não tripuladas e outros propósitos. Vários terminais estão conectados a uma versão mais segura da rede, a Starshield. Caso o acesso ao sistema seja bloqueado, todas as comunicações serão interrompidas.
Melinda Haring, pesquisadora sênior do Atlantic Council, disse que a Starlink era essencial para a operação de drones na Ucrânia, um pilar fundamental de sua estratégia militar. “A Ucrânia está operando com Starlink. Eles a consideram sua Estrela do Norte”, enfatizou, acrescentando: “Perder a Starlink… seria um golpe enorme”.
Nas suas declarações, Trump disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o líder do regime de Kiev, Volodymyr Zelensky, “terão que se reunir” para pôr fim às hostilidades. “Temos a oportunidade de fechar o acordo”, frisou.
A situação foi detalhada por um colunista do Washington Post, citando legisladores reunidos em Munique dizendo que Washington ofereceu a Zelensky um contrato garantindo aos EUA direitos sobre 50 % dos futuros recursos minerais da Ucrânia, mas o líder do regime de Kiev começou a fazer jogo duro, depois de ter escancarado a porta à pilhagem.
“Não permiti que os ministros assinassem o acordo porque, na minha opinião, ele não está pronto. Não está pronto para nos proteger, para proteger nossos interesses”, encenou Zelensky, o ‘presidente’ de mandato extinto, de um regime notório pela corrupção, declaração que deu à margem da Conferência de Segurança de Munique.
“ACORDO” DE TRUMP TAMBÉM ENVOLVE PETRÓLEO E GÁS
O presidente norte-americano não satisfeito com as manobras de Zelensky apontou que a Europa auxiliou economicamente a Ucrânia através de empréstimos, diferente de seu antecessor, Joe Biden, que não colocou condições. Apesar disso, os EUA gastaram pelo menos 300 bilhões de dólares em Kiev, comparados a 100 bilhões enviados pelos europeus, registrou.
Nesse contexto, o Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Waltz, insistiu em que Kiev assinasse o acordo. “Diminua o tom da retórica e assine a oportunidade econômica. Assine o acordo”, disse Waltz aos repórteres na sexta-feira (21).
O acordo proposto pelo governo Trump daria a Washington o controle não apenas sobre reservas minerais raras, mas também sobre a infraestrutura de petróleo, gás e portos do país, segundo relatos da mídia. A demanda da Casa Branca por US$ 500 bilhões de Kiev equivale a “um fardo de reparações impossível de cumprir”, uma questão que já causou consternação e pânico no regime ucraniano, de acordo com o The Daily Telegraph.