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EUA abocanham as terras raras e praticamente toda infraestrutura, sob um contrato regido pela lei de Nova Iorque. Para o jornal britânico The Telegraph, é “um fardo impossível de cumprir”.
O acordo proposto pelo governo Trump, que concede aos EUA acesso aos recursos naturais da Ucrânia, daria a Washington não apenas o controle sobre reservas minerais críticas, mas também sobre a infraestrutura de petróleo, gás e portos do país, de acordo com um rascunho de contrato marcado como “privilegiado e confidencial” visto pelo jornal britânico The Daily Telegraph.
Em suma, o que sobrar da Ucrânia pós-aventura da anexação pela Otan será uma colônia, no sentido literal. Para o jornal, a exigência da Casa Branca de que o regime pague US$ 500 bilhões implica “um fardo de reparações impossível de cumprir” e vem gerando pânico no regime de Kiev.
Se o tratado for aceito, as exigências de Trump representarão uma parcela maior do PIB da Ucrânia do que as reparações impostas ao Império Alemão pelo Tratado de Versalhes no final da Primeira Guerra Mundial, observa o jornal britânico em sua edição de segunda-feira (17).
As condições também são “piores do que as sanções financeiras impostas à Alemanha e ao Japão” após sua derrota na Segunda Guerra Mundial, acrescentou, já que ambos os países foram, em última análise, destinatários líquidos de fundos dos Aliados.
Em detalhes, o documento datado de 7 de fevereiro de 2025 afirma que os Estados Unidos e a Ucrânia devem formar um fundo de investimento conjunto para garantir que “as partes hostis ao conflito não se beneficiem da reconstrução da Ucrânia”.
Washington está estipulado a ficar com 50% das receitas recorrentes que Kiev recebe da extração de recursos e metade do valor financeiro de “todas as novas licenças emitidas para terceiros” para futura monetização de recursos.
Também haverá um “direito de retenção sobre essa renda”, uma cláusula que significa “pague-nos primeiro e alimente seus filhos depois”, conforme a indiscrição de uma fonte próxima às negociações.
Também afirma que “em todas as licenças futuras, os Estados Unidos terão direito preferencial para comprar minerais exportáveis“.
Nesse sentido, os EUA terão imunidade soberana e adquirirão controle quase total sobre a maior parte das matérias-primas e da economia de recursos do país eslavo. Acordo que ” será regido pela lei de Nova Iorque, sem levar em conta princípios de conflito de leis”, acrescentou.
A iniciativa de oferecer aos norte-americanos e seus vassalos europeus a oportunidade de pilhar a Ucrânia partiu do próprio Zelensky, antes da posse de Trump, como parte de seu “plano de vitória” no conflito com a Rússia.
Zelensky declarou-se pronto para concluir um acordo com o presidente dos EUA sobre recursos minerais. “Os americanos foram os que mais ajudaram e, portanto, devem ser os que mais ganham. E eles devem ter essa prioridade, e eles a terão”, disse ele.
“Ele [Zelensky] provavelmente não esperava estar sujeito às mesmas condições que são normalmente aplicadas aos Estados agressores derrotados em uma guerra”, diz o artigo, publicado na segunda-feira.
Na sexta-feira, um colunista do Washington Post citou legisladores reunidos em Munique dizendo que Washington ofereceu a Zelensky um contrato garantindo aos EUA direitos sobre 50 % dos futuros recursos minerais da Ucrânia, mas o líder do regime de Kiev começou a fazer jogo duro, depois de ter escancarado a porta à pilhagem.
“Não permiti que os ministros assinassem o acordo porque, na minha opinião, ele não está pronto. Não está pronto para nos proteger, para proteger nossos interesses “, encenou Zelensky, o ‘presidente’ de mandato extinto, de um regime notório pela corrupção, declaração que deu à margem da Conferência de Segurança de Munique.
Apesar da ganância com que a equipe de Trump aproveitou o deixa de Zelensky, há aquele velho problema, já dizia Garrincha, do “combinou com os russos?”. É que a maior parte das riquezas minerais que eles querem abocanhar fica no Donbass, cuja reunificação com a Rússia já foi aprovada em referendo, depois de ter sido conquistada, de armas na mão, na resistência ao golpe de 2014.