“Estamos vendendo tudo”, anuncia Guedes
Jair Bolsonaro e Paulo Guedes bajularam Donald Trump de todas as formas possíveis. Fizeram juras de amor à América, à Disneylândia, à Coca Cola, a Olavo de Carvalho. Só faltou self na estátua da liberdade. Até os espiões da CIA, especialistas em assassinar estadistas e desestabilizar governos, foram aclamados pela comitiva como “técnicos e peritos do mais alto gabarito”.
O capitão entregou a Base de Alcântara, aboliu unilateralmente o visto de americanos, prometeu doar imóveis, entregar o Pré-sal, os portos, os aeroportos, as aposentadorias dos brasileiros e tudo o mais que os americanos quiserem adquirir. “Estamos vendendo tudo”, disse Guedes.
E mesmo assim, o chicago-boy teve que admitir que os gringos não ficaram saciados com tudo o que lhes foi oferecido. “Robert Lighthizer, representante Comercial dos Estados Unidos, foi um pouco duro na reunião, na qual questões comerciais foram tratadas”, reclamou Guedes.
O governo americano exigiu que, além de abrir mão de seus direitos na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil se junte à Casa Branca para pressionar outros países em desenvolvimento a fazerem o mesmo. Ou seja, a abrirem mão de defender suas economias.
Essa foi a condição de Washington para o Brasil ser aceito na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), o grupo de países considerados “desenvolvidos”. Guedes explicou como Robert Lighthizer fez essa exigência. “Eu fiz o meu pedido: quero entrar na primeira divisão. Ele falou: então me ajuda a limpar a segunda divisão”.
Jair Bolsonaro não quis nem saber de discussão e anunciou nesta terça-feira (19) que aceita todas as exigências do governo americano para ser aceito na OCDE, inclusive abrir mão dos direitos do Brasil junto à OMC. Ou seja, além de dizer que não vai construir nada, que sua missão é desconstruir, Bolsonaro anunciou que também não vai defender a economia nacional.
Guedes Continuou falando sobre Lighthizer. “Ele está analisando país a país para reduzir o superávit comercial que possuem com os EUA. Só que, no caso do Brasil, o país tem um déficit comercial com os Estados Unidos”. “Eu até brinquei falando que ele pensou que eu sou chinês”, prosseguiu o ministro, admitindo que o déficit comercial com os EUA vai aumentar.
Nunca houve um comportamento tão bajulatório de autoridades brasileiras numa viagem oficial ao estrangeiro como a de Bolsonaro e Paulo Guedes aos EUA. Pior até do que o chanceler que foi obrigado a tirar o sapato num aeroporto americano.
No Brasil há um ditado popular que, com pequenas variações, diz o seguinte: “quem muito se abaixa, mostra a bunda”. Ou “quem muito se abaixa, mostra o rabo”, e assim por diante. O que varia é apenas o que é mostrado. Na verdade, ele se originou da frase “quem muito se abaixa, oculto padece”. O ditado vem se moldando lentamente às formas como o povo vê a atuação de traíras e vende-pátrias.
A língua tem dessas capacidades fantásticas de se modificar, pois ela é viva e, portanto, molda-se às mudanças temporais e culturais. Mas, todas essas variantes do ditado acima servem perfeitamente para descrever o comportamento de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes nos EUA.
Certamente os “ocultos” dos dois começaram a padecer assim que eles pisaram na terra do Tio Sam.