
Sob protestos de pais e estudantes, presidente estadunidense assinou ordem executiva para desmantelar o departamento, que não está fazendo “nada de bom”. “É um desperdício e poluído pela ideologia liberal”, acrescentou
O presidente Donald Trump anunciou na quinta-feira (20) que tomou medidas pelo fechamento do Departamento de Educação (DOE) dos Estados Unidos, sob a alegação que não está fazendo “nada de bom” e que “é um desperdício e poluído pela ideologia neoliberal”. A seu lado, aplausos e risos de Elon Musk, chefe do Departamento de Eficiência Governamental.
“Minha administração tomará todas as medidas legais para fechar o departamento. Vamos fechá-lo o mais rápido possível. Não está nos fazendo bem”, assinalou Trump, escancarando que quer cortar ainda mais a força de trabalho do departamento, que já foi reduzida pela metade desde que assumiu o cargo. Sem rodeios, deixou claro que está em risco o destino do financiamento da educação pública, o trabalho, as proteções de direitos civis e o auxílio financeiro para estudantes. A partir de agora, disse, “queremos devolver nossos alunos aos Estados”.
Como é do Congresso a autoridade máxima para executar a medida, a reação foi imediata, com pais e estudantes protestando contra o desmantelamento do estratégico organismo. Em Washington, em frente ao Departamento, estudantes se concentraram pela manhã desta sexta-feira (21) e, sentados em suas carteiras, fizeram a lição de casa com uma faixa denunciando que “Trump está roubando das crianças”. Uma manifestação está somando várias organizações contra o atropelo aos direitos dos americanos ao estudo.
Conforme denunciou a estudante Stella Lovelady, “é devastador” o que o governo está fazendo: “Meus pais são professores. Minha irmã é uma estudante do ensino médio. Eu sou uma estudante em uma universidade pública. O Departamento de Educação é crucial para minha família”.
Apesar da enorme reação negativa, a Casa Branca pediu tempo e calma, alegando que os empréstimos estudantis e as bolsas continuarão, e que o financiamento para escolas de baixa renda sob a Lei de Educação para Deficientes não serão afetados. Pais e estudantes reiteraram que as palavras de Trump não valem nada diante das medidas que têm adotado.
Condenando o descaminho adotado pelo magnata, Deirdre Schifeling, diretora política e de advocacia da União Americana pelas Liberdades Civis, emitiu uma declaração reiterando que há uma lei e que deve ser cumprida. “Mais uma vez, o presidente Trump está abusando de seu poder e colocando os direitos civis fundamentais de milhões de estudantes em grave risco – ameaçando tudo, desde a igualdade racial e de gênero até os direitos de estudantes com deficiência. Nenhum presidente tem autoridade para, sozinho, tirar os direitos das crianças nas escolas americanas. Este ataque ao Departamento de Educação é um ataque aos direitos civis e liberdades dos estudantes que definiram sua missão por décadas”, apontou.
Schifeling esclareceu que o “Departamento de Educação tem o dever imposto pelo Congresso de garantir a melhor educação para todas as nossas crianças” e que “como parte dessa responsabilidade deve garantir que os alunos com deficiência possam aprender e prosperar ao lado de seus colegas, que a equidade educacional seja mantida para crianças de todas as raças, que a liberdade religiosa seja protegida e que a proteção contra a discriminação baseada no sexo, incluindo contra alunos LGBTQ, continue sendo uma prioridade nas escolas em todo o país”. “Mas o presidente Trump se recusa a aceitar esse mandato. Em vez disso, ele está tentando contornar o Congresso para desmantelar o próprio Departamento de Educação – minando sua capacidade de salvaguardar essas proteções críticas e armando o departamento para executar uma agenda política profundamente impopular”, concluiu.